Falsa doação de avô usada para esconder subornos na Defesa

(dr) Ministério da Defesa Nacional

Instalações do Hospital Militar de Belém

A família de Paulo Branco justifica os 60 mil euros com uma doação de um avô que tem uma pensão de 600 euros. O Ministério Público acredita que o dinheiro é proveniente de subornos de empresários envolvidos nas obras no Hospital Militar de Belém.

Paulo Branco, antigo funcionário da Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional (DGRDN), e os seus familiares próximos são agora arguidos na Operação Tempestade Perfeita, referente a suspeitas de corrupção nas obras do antigo Hospital Militar de Belém (HMB), em Lisboa.

Entre 2019 e 2021, foram depositados mais de 84 mil euros nas contas bancárias de Paulo Branco e da sua mulher, e mais de 41 mil euros nas contas da sua irmã, Ana, e do marido desta, Luís. O Ministério Público (MP) alega que estes montantes são o resultado de subornos recebidos por Paulo Branco de empresários envolvidos nas obras realizadas no antigo Hospital em 2020.

Para justificar a proveniência do dinheiro, a família afirmou que os valores eram uma “doação” feita pelo avô paterno de Paulo e Ana. Segundo as declarações de Paula, mulher de Paulo, e de Ana, cada um teria recebido entre 25 mil e 35 mil euros, totalizando cerca de 60 mil euros. A Polícia Judiciária (PJ), no entanto, encontrou discrepâncias significativas nesta versão dos factos, escreve o Correio da Manhã.

A PJ procedeu à inquirição de seis familiares, incluindo a mãe e a irmã de Paulo e Ana. As investigações revelaram que o avô paterno, Adriano Branco, tinha uma pensão de quase 600 euros e vivia num lar. De acordo com os testemunhos, Adriano nunca teria tido recursos financeiros para fazer tal doação, corroborado pelo facto de que nem podia pagar integralmente as despesas do lar onde vivia.

A acusação do MP sugere que as verbas ilícitas teriam financiado a compra de uma casa de luxo na Comporta. Os familiares de Paulo Branco tentaram assim mascarar a origem do dinheiro através de uma alegada doação do avô, versão que foi desacreditada tanto pelas investigações da PJ quanto pelos testemunhos de outros membros da família. O relatório da PJ indicou que nenhuma testemunha considerava “credível que tal doação em vida tivesse ocorrido”.

O caso continua sob investigação e estas revelações colocam a família Branco numa posição ainda mais delicada. Agora, não só estão sob suspeita de envolvimento em práticas corruptas, mas também de tentativa de encobrimento, o que poderá levar a consequências legais ainda mais graves.

ZAP //

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