A maior parte das espécies extintas no final do período Ediacarano (há quase 550 milhões de anos) foi causada por uma queda na disponibilidade de oxigénio em todo o mundo, revelou um novo estudo.
Numa investigação publicada recentemente na Proceedings of the National Academy of Sciences, geobiólogos da Virginia Tech, nos Estados Unidos (EUA), concluíram que este período assistiu à primeira extinção em massa, na qual morreram cerca de 80% das espécies.
“Isto incluiu a perda de muitos tipos diferentes de animais. No entanto, aqueles (…) que dependiam de quantidades significativas de oxigénio parecem ter sido atingidos de forma particularmente dura”, disse o investigador Scott Evans, citado pelo Interesting Engineering.
Estes resultados “sugerem que o evento de extinção ocorreu a nível ambiental, tal como todas as outras extinções em massa no registo geológico”, continuou.
“Alterações ambientais, tais como o aquecimento global e eventos de desoxigenação, podem levar à extinção em massa de animais e a uma profunda perturbação e reorganização do ecossistema”, disse Shuhai Xiao, coautor do estudo, notando: “isto tem sido demonstrado repetidamente no estudo da história da Terra”.
Segundo Evans, não se sabe o que causou a queda de oxigénio a nível global. Os animais que se extinguiram reagiram a uma redução da quantidade de oxigénio à escala global, embora a extinção possa ter sido causada por uma combinação de movimentos de placas tectónicas, erupções vulcânicas e impactos de asteróides.
“O nosso estudo mostra que, tal como todas as outras extinções no passado, esta primeira extinção em massa de animais foi causada por alterações climáticas – mais uma numa longa lista de advertências que demonstram os perigos da atual crise climática para a vida animal”, reforçou.
Segundo Xiao, as extinções em massa que já eram conhecidas na história animal são: a Extinção do Ordoviciano–Siluriano (há 440 milhões de anos), a Extinção do Devoniano (há 370 milhões de anos), a Extinção Permiano-Triássica (há 250 milhões de anos), a Extinção do Triássico-Jurássico (há 200 milhões de anos) e a Extinção do Cretáceo-Paleógeno (há 65 milhões de anos).
“As extinções em massa são reconhecidas como passos significativos na trajetória evolutiva da vida neste planeta”, indicaram os investigadores.
Na investigação, a equipa encontrou dados que apontam para “diminuição da disponibilidade global de oxigénio como o mecanismo responsável por essa extinção”.
“Isto sugere que os fatores abióticos têm tido impactos significativos nos padrões de diversidade ao longo dos mais de 570 milhões de anos de história dos animais neste planeta”, escreveram os autores.