Exportações na metalurgia, sector têxtil e no calçado crescem dois dígitos

As indústrias transformadoras estão a recuperar com a abertura da economia. Destaca-se o sector da metalurgia que exportou mais de 2500 milhões de euros no primeiro semestre.

No primeiro semestre de 2021, as exportações na metalurgia e metalomecânica renderam 10 120 milhões de euros. Estes valores representam um crescimento de 32% relativamente ao mesmo período do ano passado e mais 2500 milhões do que no ano passado, segundo o DN.

O crescimento deve-se à recuperação dos mercados tradicionais de exportação, nomeadamente Espanha, França e Reino Unido, que em conjunto são 75,8% das exportações destas indústrias.

Segundo Rafael Campos Pereira, vice-presidente da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP), “mesmo com uma falta de matérias primas crescente” as empresas são “resilientes” e reagiram bem à crise causada pela pandemia. “Naturalmente que a performance do sector depende também de não haver mais retrocessos e medidas restritivas em torno da pandemia”, alerta.

O sector têxtil aumentou 18,5% face ao primeiro semestre de 2020, com mais de 2630 milhões de euros em exportações até Junho, mais 411 milhões em relação ao período homólogo.

O subsector do vestuário foi o que mais sofreu com a pandemia, mas cresceu 23% no primeiro semestre. Este aumento deve-se sobretudo às roupas de malha, que estão a crescer 31,7% em 2021 face a 2020, com valores superiores ao período pré-pandemia.

Já as roupas de tecido cresceram apenas 0,7% relativamente ao primeiro semestre de 2020 e estão ainda 27,1% abaixo dos números dos primeiros seis meses de 2019.

Para a Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confeção, os confinamentos, o encerramento do retalho e prevalência do teletrabalho, levaram a uma quebra no consumo.

O presidente da ANIVEC – César Araújo – critica a política comercial da União Europeia, que “está a destruir o sector” ao permitir a entrada “sem qualquer rastreio” de artigos vindos da Ásia que “promovem uma concorrência desleal às empresas europeias“.

No caso do calçado, depois do grande salto de 121% entre Abril de 2021 e Abril de 2020, as exportações continuaram a crescer mais de 54% em Maio e 18% em Junho. No primeiro semestre, o aumento foi de 12,3% – o que equivale a 752,2 milhões de euros – mas continua 11,8% abaixo do registado no mesmo período de 2019.

O Presidente da APICCAPS – Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos  – acredita que o primeiro semestre foi “globalmente interessante”, mas mostra-se prudente nas previsões do segundo semestre.

Teremos pois de ser cautelosos. Estamos a fazer o trabalho de casa para chegarmos mais cedo aos valores de 2019, mas este ano enfrentamos ainda muitos imponderáveis”, afirma Paulo Gonçalves, referindo-se à instabilidade em vários mercados pois muitos retalhistas ainda têm stocks acumulados de outras temporadas.

As “taxas de absentismo elevadíssimas” e o disparar dos preços de transporte também são factores, assim como o “arranque tímido” dos certames internacionais, que condiciona os resultados no curto prazo.

AP, ZAP //

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