O último eletricista de Pablo Picasso, Pierre Le Guennec, e a sua mulher foram esta terça-feira condenados em última instância a dois anos de prisão, com pena suspensa.
Em causa estava, de acordo com a AFP, a ocultação e uso ilícito de 271 obras do pintor espanhol, avaliadas entre 60 e 100 milhões de euros, que guardaram durante 40 anos na sua garagem.
“É o triunfo da verdade e o fim de uma mistificação”, reagiu Jean-Jacques Neuer, advogado do filho do pintor, Claude Ruiz-Picasso. O advogado afirmou que Pierre Le Guennec teve, no mundo da arte, um papel semelhante ao das “mulas no narcotráfico” – pessoas que fazem contrabando de droga escondida no corpo.
Essas 271 obras surgiram em 2010, quando Le Guennec pediu a Ruiz-Picasso que autenticasse um caderno com 91 desenhos de Picasso. Após ter sido detetado que algumas das obras não estavam assinadas pelo artista espanhol, uma prática incomum, os herdeiros acusaram o casal Le Guennec de ocultação e uso ilícito.
No lote de 271 obras de arte havia seis pinturas a óleo, nove colagens cubistas e 28 litografias pintadas por Picasso, todas datadas de entre 1900 e 1930 e que não foram inventariadas quando o pintor morreu. As obras foram avaliadas entre 60 e 100 milhões de euros por um advogado da família do artista.
O casal já tinha sido condenado duas vezes por ter mantido secretamente as obras. Em 2015 foram condenados em primeira instância e um ano depois, após um recurso, voltaram a ser condenados. Em dezembro de 2016, o Supremo Tribunal francês anulou a pena, alegando que o Tribunal de Aix-en-Provence não tinha demonstrado que as obras eram “provenientes de um assalto”.
A decisão motivou um terceiro julgamento em Lyon. O presidente do Tribunal de Recurso de Lyon confirmou esta terça-feira a sentença do Tribunal de Grasse, em 2015. O eletricista de 80 anos e a sua mulher, de 70, não estiveram presentes no julgamento.