Ex-conselheira de Trump gravou o momento em que foi despedida (e não só)

“Temos de falar contigo sobre a tua saída da Casa Branca.” Omarosa Newman divulgou este domingo o áudio da reunião com o chefe de gabinete em que foi despedida, e isso está a deixar várias pessoas preocupadas.

Omarosa Manigault Newman, ex-diretora de comunicação do gabinete de Relações Institucionais da Casa Branca, deu recentemente uma entrevista à NBC News na qual partilhou uma suposta gravação do momento em que foi despedida por John Kelly, chefe de gabinete de Donald Trump.

A gravação terá sido feita sem que John Kelly e os advogados presentes  tivessem dado conta, no dia 12 de dezembro do ano passado. “Temos de falar contigo sobre a tua saída da Casa Branca”, começa por dizer John Kelly.

“Chegou à minha atenção ao longo dos últimos meses que, da sua parte, tem havido problemas de integridade que na minha opinião são muito significativos. Tem a ver com o uso de veículos oficiais e outros problemas”, acrescenta, sem entrar em pormenores.

Mais à frente na gravação, John Kelly diz preferir uma “separação amigável”. “Há problemas legais bastante significativos que esperamos que não se tornem em algo que possa tornar-se feio para si”, afirma.

Omarosa questiona: “o Presidente está a par disto?“, pergunta contornada por John Kelly que refere que “é melhor não irmos por aí”. “Esta discussão não é negociável”, acrescenta. Omarosa Newman é uma ex-concorrente do reality show “O Aprendiz”, apresentado por Donald Trump em 2004, e fez parte da Casa Branca deste Presidente desde o início do seu mandato

“Eu não quero negociar. Nunca tive a oportunidade de falar consigo, John Kelly, por isso se isto é a minha saída, gostava pelo menos de ter uma oportunidade para entender”, diz Omarosa Newman, antes de ser interrompida pelo chefe de gabinete de Trump.

“Não… Podemos falar sobre isto noutra altura. Isto tem a ver com violações de integridade graves. Vamos deixar as coisas por aqui. O staff e todas as pessoas do staff trabalham para mim e não para o Presidente. Depois da sua saída, informá-lo-ei”, conclui John Kelly.

Casa Branca reage

Sarah Huckabee Sanders, porta-voz da Casa Branca, reagiu à gravação com um comunicado, no qual adianta que “a ideia de um funcionário infiltrar um dispositivo de gravação na Situation Room mostra um flagrante desrespeito pela nossa segurança nacional – e depois gabar-se disso na televisão só prova ainda mais a falta de caráter e integridade dessa descontente ex-funcionária da Casa Branca”.

A reunião entre Omarosa e John Kelly aconteceu na Situation Room, local no qual as principais decisões sobre política externa são tomadas. Nesta sala, os funcionários não podem entrar nem com telemóveis, nem com gravadores, existindo vários sinais com avisos, adianta o Diário de Notícias.

Mas se a Situation Room levanta questões em relação à segurança nacional, as gravações de Omarosa deixam várias pessoas preocupadas. Estas gravações serviram de base ao seu livro, e a ex-conselheira terá mostrado algumas quando andava à procura de uma editora. Segundo o jornal, há também gravações do Presidente dos Estados Unidos.

À ABC News, um antigo oficial da Casa Branca disse que “as pessoas estão a perceber agora que ela tem muitas coisas”, referindo-se à ex-diretora de comunicação. O facto de haver a possibilidade de Omarosa divulgar mais gravações, está a “impedir que as pessoas respondam”, afirma.

“Se chatearam a Omarosa, preparem-se, vão ser umas semanas difíceis”,conclui.

Agora, a Casa Branca está a estudar todas as possibilidades legais para evitar a divulgação de mais gravações, assim como para a punir por ter gravado secretamente John Kelly.