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Ex-Comandante da Protecção Civil declarou pós-graduação que afinal não tem

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Autoridade Nacional de Protecção Civil / Facebook

Comandante Nacional da Protecção Civil, Rui Esteves (ao centro).

O ex-Comandante Nacional da Protecção Civil declarou que tinha uma pós-graduação no currículo incluído no seu despacho de nomeação mas que, afinal, não possui. Um dado confirmado pela RTP1 depois de Rui Esteves se ter demitido do cargo.

Rui Esteves deixou o cargo de Comandante Nacional da Protecção Civil (Conac) após uma sucessão de polémicas que o envolviam, nomeadamente por causa da coordenação dos meios durante o fatídico incêndio de Pedrógão Grande.

O último dos casos a envolver o ex-Conac respeita à sua licenciatura em Protecção Civil que foi obtida com equivalências profissionais a 90% das cadeiras, incluindo disciplinas como matemática, química e física. Já foi aberto um inquérito.

Entretanto, uma investigação do programa Sexta às 9, da RTP1, apurou que Rui Esteves mentiu no currículo que foi incluído no despacho da sua nomeação publicado em Diário da República. O ex-Conac terá declarado falsamente que tinha uma pós-graduação pela Escola Nacional de Bombeiros (ENB).

“O candidato inscreveu-se em 2006, tendo como habilitação académica o 12º, e fez o Curso de Especialização em Gestão da Emergência. Em 2011 solicitou, após a conclusão da sua licenciatura, que lhe fosse emitido certificado de pós-graduação, referente ao mesmo curso. O pedido foi indeferido em 30/03/2011, visto não ter cumprido com o regulamento, nomeadamente, frequência mínima de 80% de aulas ministradas e realização de testes presenciais”, adianta ao “Sexta às 9” o presidente da direcção da ENB, José Ferreira.

Nova Lei exige licenciatura ao Conac

Em 2016, foi publicado um decreto lei que determina que o Comandante Nacional da Protecção Civil tem que ser detentor de uma licenciatura.

Esta mudança na lei foi alegada pelo presidente da Autoridade Nacional de Protecção Civil, Joaquim Leitão, como a justificação para a substituição de 19 comandantes distritais em Janeiro deste ano.

Foi nessa altura que Rui Esteves assumiu o cargo de Conac, procedendo às tais 19 substituições que causaram revolta entre vários dos comandantes visados. Alguns destes chegaram a falar em “jobs for the boys” do PS, contestando a escolha de pessoas com licenciatura, mas sem experiência profissional na área da Protecção Civil.

Essas mudanças, aliadas às circunstâncias do trágico incêndio de Pedrógão Grande, onde morreram 64 pessoas, despoletaram grande contestação à estrutura de comando da Protecção Civil, com Rui Esteves no centro das críticas.

Na semana passada, o Sexta às 9 divulgou também que Rui Esteves estaria ilegalmente no cargo por ter sido, simultaneamente, director do Aeródromo de Castelo Branco.

A situação levou a ministra da Administração Interna a pedir que se demitisse, mas o ex-Conac recusou. Todavia, Rui Esteves não resistiu a mais uma polémica e abandonou o cargo.

SV, ZAP //

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17 Comments

  1. Acho muito bem que ele se tenha demitido, mais não seja pela incapacidade na coordenação do combate aos incendios. Mas, foi só ele responsavel ? A ministra, com aquele ar de quem acabou de chegar de Marte, não colhe tambem as consequencias por tudo o que correu mal ? 64 mortos merecem que as consequencias sejam para todos os intervenientes, desde a ministra, à GNR, à protecção civel e todos que de qualquer forma contribuiram para esta tragedia.

  2. Continuamos a ser um país de doutores e engenheiros…agora, da mula ruça.
    A situação piorou significativamente depois da abertura aos privados e consequente mercantilização da Universidade em Portugal. As Novas Oportunidades vieram completar o ramalhete.
    O mais grave é que o comandante terá excluído outros subordinados por não serem portadores de licenciatura. Era uma injustiça e um erro, agora torna-se caricato!
    Mas o país está melhor e a educação também. Portanto, siga a rusga! Como diria o Herman “é mamar, meus filhos, é mamar!”

  3. Ser licenciado não é ter um título, é ter competências que lhe permitem aferir o mundo de outra maneira, através do conhecimento científico e das teorias. O que está errado nesta situação é a lei permitir que o título de licenciado seja atribuído a uma pessoa que não frequentou as aulas, não adquiriu os conhecimentos e não prestou provas nas disciplinas cursadas. O que está errado é este senhor ser um chico-esperto que manipulou o sistema para enganar o estado.

  4. Ter um “canudo” emitido por uma Universidade ou Politécnico com base em equivalências profissionais ou compradas até se “pode comer” pois alguém emitiu um “papel” a atestar a formação.

    Agora declarar uma pós graduação ou licenciatura para poder ocupar um cargo e depois ninguém confirmar se à “um canudo” declarado é efectivamente real é…

    Somos todos muito sérios por isso ninguém vê ou confirma nada…

    O mais certo é os estabelecimentos de ensino “prevaricadores” darem equivalências com base em currículos feito em Word e nunca verificados ou validados. Depois os N/ órgãos institucionais que para contratar um servente pedem um sem fim de documentos, muitas vezes, até cópias autenticadas para contratarem um cargo de chefia a nível nacional basta a palavra…
    até todos sabemos que os políticos em cada 10 palavras dizem 6 mentiras…

  5. Voltamos aos chico-espertos. Diz k tem licenciatura, ninguém confirma, ganha o cargo, recebe os honorários, e agora?… Devolve? Somos um país de tansos. Como este há muitos, infelizmente… Sigaaaa…

  6. Boa tarde
    Para que esta situação culminasse com total justiça, depois de provadas as irregularidades, este senhor devia ser obrigado a devolver todos os rendimentos auferidos pelo cargo, rendimentos esses que saíram dos impostos dos portugueses, dos que pagam claro.

  7. Quanto à licenciatura e à pós – graduação, é só mais um “artista português”.
    Mas é estranho que tais falsidades tenham escapado na avaliação como candidato a um cargo de tamanhas dificuldade e responsabilidade, apesar de (ou também por isso) recomendado por amigos que devem conhecê-lo bem.
    Licenciado ou não, ele alegou também ter formação de “bombeiro”, o que poderia bastar.
    Mas também quanto a isso mentiu mas agora é coisa do passado ( para esquecer ???), “só” que o seu “curriculum” depois de empossado é IMPRESSIONANTE.
    É claro que agora lhe vão arranjar um “tacho”, este não era ou não devia ter sido…

  8. Não é só essa coisa da protecção civil que prestou declarações falsas quanto às suas habilitações. No tempo de Salazar (que Deus haja) estas coisas não aconteciam porque ele mandava a P.I.D.E. informar-se primeiramente antes de fazer o convite a quem quer que fosse, principalmente para cargos governativos. Se cito Salazar é apenas para mostrar o contraste entre o antes e depois. Agora um candidato a presidente de câmara que, dizem, nem a 4º classe chegou a concluir e que há 10 anos atrás era empreiteiro daqueles que diziam «eu fez» candidata-se agora como licenciado ou doutor em ciências políticas. Em voz suave, diz-se que ele pagou 50 mil euros a uma funcionária de uma dessas universidades “pimba”, com a qual se macheaou durante algum tempo, para comprar a dita licenciatura ou doutoramento. Há dias vi-o num preenchido comício a ser tratado por «sr. doutor» e – qual não foi o meu espanto – a utilizar um argumento de “não causa pro causa”, sem a menor consciência do que estava a dizer para atacar os do outra quadrilha política. Digam lá: é licito irmos votar sem conhecermos com real transparência o currículo dos portentosos candidatos a autarcas ou não no importamos de ser enganados como fomos no caso da proteção civil? Portugal está podre como já dizia Fernando Pessoa. Felizmente que, no dia das eleições, temos o Sporting /Porto ou vice versa, o que dá o mesmo, e é um bom pretexto para não estar na freguesia. Abram o olho bons portugueses, porque a própria abstenção varrerá de vez essa gente e não tenham medo de dizer que a (des) proteção civil é um bom negócio para os do partido.

  9. então o diretor que analisou o titulo não é responsável? não tem culpas no cartório? e o diretor que lhe dá posse também não. E o que disse que era licenciado, Só tem que devolver as verbas que recebeu indevidamente, ou não? antonio ze

  10. Sempre estranhei terem mandado calar os comandantes dos bombeiros. Não percebia o porquê de quem tinha mais conhecimento da situação não poder informar a comunicação social. Afinal era o chefe que não foi superior estudante.

  11. Esta é mais uma (pouca vergonha) como tantas que acontecem neste pobre país, “democrático” e “socialista”. Não sei porquê, mas muitas destas aconteceram depois de 2005. Tem sido um período fértil em golpadas, roubos, licenciaturas ao domingo, nomeações para altos cargos de “amigalhaços, and so on. Por isso é que eles não gostavam do Salazar. Esse topava bem os oportunistas. Já os conhecia dos tempos da 1ª. república, de má memória, e até mesmo de antes…!!

  12. e não é que este Senhor era o distinto e leal amigo do Primeiro ministro de Portugal? ou não foi pela mão dele que chegou ao lugar que ocupou?!…

  13. Ó pessoal, então não sabem que é moda em Portugal? Isto é a republica das bananas, vale tudo para ganhar uns trocos a mais, sim, porque com “canudo” e amigos governantes é melhor.

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