Será que estamos sozinhos? Europa pode finalmente responder

JPL-Caltech / NASA

A superfície brilhante de Europa, a misteriosa lua de Júpiter

A misteriosa lua de Júpiter tem um enorme oceano debaixo da sua superfície gelada e já desde os anos 70 que os cientistas especulam sobre se poderá acolher vida.

Enquanto o muito falado Sistema de Lançamento Espacial da NASA se prepara para o seu primeiro voo este mês com o objetivo de enviar astronautas de volta à Lua nos próximos anos, os nossos olhos viram-se novamente para as estrelas e continuamos a fazer a questão que desde sempre persegue a Humanidade: Estamos sozinhos?

Apesar de haver vários locais no Sistema Solar onde podemos procurar por vida além da Terra, como Marte e as luas de Saturno Titã e Enceladus, há um corpo planetário que orbita o maior planeta do Sistema que desperta a curiosidade dos cientistas desde os anos 70.

A segunda lua galileia de Júpiter, Europa, com o seu oceano interior, uma superfície predominantemente livre de crateras e cruzamentos e rachas e cumes ao longo de hemisférios internos, é um dos corpos planetários mais fascinantes alguma vez observados. Estas características geológicas únicas são um indicador possível de que a água líquida do seu oceano profundo chega à superfície, o que torna a Europa um ponto de interesse para a exploração e estudo da vida além da Terra.

“A Europa pode ser um dos poucos locais acessíveis onde a vida pode ter nascido e persistido. A sua evolução e dinâmicas são fascinantes, com algumas semelhanças mas também diferenças fundamentais da Terra”, diz Michael Manga, geofísico e Professor no Departamento da Terra e Ciências Planetárias da Universidade de Berkeley.

Os cientistas especulam que a camada gelada externa da Europa tenha entre 15 e 25 quilómetros de espessura e que flutue num oceano com uma profundidade entre os 60 e 150 quilómetros.

Apesar de haver provas fortes de que a lua de Saturno, Enceladus, tenha um oceano interior, o oceano interior da Europa pode ter o dobro da quantidade de água de todos os oceanos da Terra combinados — apesar de a Europa ter apenas um quarto do diâmetro da Terra.

“A composição da superfície da Europa e algumas das suas caraterísticas geológicas sugerem que a água do oceano pode mover-se através da casca e chegar até à superfície”, revela Alyssa Rhoden, cientista no Centro de Investigação do Sudoeste, em Boulder, no Colorado. “Se isso for verdade, significa que os nutrientes e a energia podem entrar num ciclo entre o oceano, a casca de gelo, e a superfície, e isso pode ser benéfico para a vida“.

Já há provas de que a água líquida chegou à superfície do “terreno do caos”, que é uma zona topográfica altamente desnivelada, onde os blocos de gelo se partiram e voltaram a congelar na superfície devido à falta de uma atmosfera e à exposição direta ao vácuo do Espaço.

Os oceanos vastos da Europa existem debaixo da sua crosta gelada apesar de a lua estar a uma distância incrível do Sol, muito além da zona habitável da nossa estrela, que é o ponto perfeito onde a água líquida pode existir à superfície de um planeta. Em vez disso, este oceano forma-se a partir do aquecimento das marés, ou o constante alongamento e compressão que a pequena lua sofre com a órbita elíptica a Júpiter.

Tal como Júpiter, a Europa está também a ser constantemente puxada pelas luas de Júpiter, Io e Ganymede, o primeiro e terceiro satélite galileu, respetivamente. Etse aquecimento das marés causa fricção dentro do núcleo da Europa, o que causa calor e o derretimento do gelo interno, que se transforma num oceano enorme.

“Considero a Europa cativante por causa a sua geologia, interior e órbita estão todos ligados através do processo das marés. A relação gravitacional com Júpiter e as suas luas vizinhas é responsável por criar este mundo ativo e complexo“, diz Rhoden.

A missão da NASA Europpa Clipper vai mudar muito o nosso conhecimento desta fantástica lua gelada, com o lançamento previsto para finais de 2024 com previsão para a inserção orbital em torno de Júpiter no início de 2030. O objetivo principal da missão é perceber o potencial de habitabilidade dos lugares debaixo da sua superfície gelada com voos extremamente próximos da Europa, alguns a apenas 25 quilómetros de distância.

Dado que a água é a razão para o florescer da vida na Terra, que tipos de vida podemos procurar no oceano da Europa? “Baleias espaciais, claro“, brinca Rhoden. Manga é menos otimista, tendo um pressentimento de que não terá vida, mas apenas a recolha de amostras resolverá o mistério.

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