Os Estados Unidos espiaram mais de 60 milhões de chamadas telefónicas de Espanha em apenas um mês, entre o fim do ano passado e o início de 2013, de acordo com documentos citados hoje (28) pelo jornal espanhol El Mundo.
O jornal explica que a confirmação da espionagem feita pela National Security Agency (NSA) está no documento Spain Last 30 Days (Espanha – Últimos 30 Dias), que pormenoriza o fluxo de comunicações interceptadas entre 10 de dezembro de 2012 e 8 de janeiro de 2013. Segundo o jornal, ficaram registados os telefones conectados e a duração das chamadas, o que é um crime no Código Penal.
De acordo com o El Mundo, trata-se de um documento obtido através de um acordo com o jornalista Glenn Greenwald, que tem divulgado o que identifica como “documentos Snowden”. Edward Snowden é um ex-analista da inteligência norte-americana que tornou públicos detalhes de vários programas confidenciais usados pelos Estados Unidos para a vigilância electrónica de governos em todo o mundo. Entre os alvos de espionagem estão 35 líderes mundiais, incluindo a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, François Hollande.
A revelação do jornal ocorre no dia em que o embaixador dos Estados Unidos em Madrid irá ao Ministério dos Negócios Estrangeiros para dar explicações sobre a questão da espionagem. Segundo a imprensa, o embaixador James Custos prestará esclarecimentos ao secretário de Estado para a União Europeia, Iñigo Méndez de Vigo, dada a ausência do chefe da diplomacia, José Manuel García-Margallo.
Gonzalo de Benito, secretário de Estado de Assuntos Externos da Espanha, já tinha mantido, em julho, conversas em Washington com diversos responsáveis pela administração norte-americana, a quem pediu explicações sobre a denúncia de espionagem. García Margallo disse, na sexta-feira passada, que, se for confirmada, uma espionagem massiva aos aliados dos Estados Unidos seria “inadmissível” porque a “proteção da privacidade” é uma “linha vermelha” que não se pode cruzar, pelo menos para a Espanha.
ZAP / MA / Lusa