EUA. Agente russa Maria Butina será libertada da prisão

Pavel Starikov / Flickr

A agente russa Maria Butina

A agente russa Maria Butina, que se tentou infiltrar nos círculos republicanos para satisfazer os interesses da Rússia antes de ser presa por espionagem, deve retornar ao seu país após ser libertada na sexta-feira de uma prisão na Florida, Estados Unidos (EUA).

Maria Butina foi a única personalidade russa condenada na investigação de três anos sobre a interferência de Moscovo na política dos EUA. O seu objetivo era infiltrar-se nas empresas que tinham influência em políticos do país, tendo chegado aos EUA com um visto de estudante. Através dos seus contactos, chegou até Donald Trump, noticiou a NPR.

Acabou por ser detida em julho de 2018 por acusações de espionagem, embora não tivesse nenhuma conexão com as agências de espionagem da Rússia. Em dezembro, aceitou um acordo judicial admitindo que agia como agente estrangeiro ilegal e não registado, sendo sentenciada a 18 meses de prisão, quase metade da qual foi já cumprida.

Sob um forte ataque nos EUA por interferir nas eleições de 2016, Moscovo transformou a nativa da Sibéria numa celebridade, com o Ministério das Relações Externas a publicar a sua imagem nas redes sociais, com o ‘slogan’ “Free Maria” (“Maria Livre”).

A sua atual advogada, uma defensora pública de Washington, não respondeu a perguntas sobre os planos de Maria Butina, mas referiu num documento divulgado esta semana que a mesma voltaria à Rússia, informação também avançada por órgãos de comunicação russos.

Contudo, apesar da investigação, não ficou claro se Maria Butina era uma agente de inteligência posicionada para se infiltrar nos círculos políticos dos EUA ou apenas alguém que estava a criar, por iniciativa própria, canais de cooperação entre pessoas que foram vítimas de um nível mais alto de intriga relacionado à interferência nas eleições russas.

Numa entrevista à NPR, a partir da prisão em que ainda se encontra, referiu que, enquanto estudante de política na American University, procurava apenas envolver-se na “diplomacia civil”. “Nunca escondi o meu amor pela minha pátria nem por este país. Eu amo os dois países e estava a construir a paz”, declarou.

Os promotores do caso confirmaram que Maria Butina mantinha contato regular com a embaixada russa. Disseram ainda que, embora não fosse funcionária dos serviços de espionagem de Moscovo, participou de uma operação para “detetar e avaliar” os possíveis alvos de espionagem nos EUA.

“Não há dúvida de que ela não era simplesmente uma estudante de pós-graduação”, disse em tribunal o advogado norte-americano Erik Kenerson.

Apesar de no início ter negado, Maria Butina finalmente concordou declarar-se culpada pelas acusações, afirmando-se como um agente estrangeiro não registado. “Peço humildemente perdão. Não sou essa pessoa má retratada nos media, afirmou em tribunal antes de ser sentenciada.

Foi a partir de 2013 que começou a construiu uma ponte para os EUA através de contactos entre o seu pequeno grupo russo de direitos sobre armas e a National Rifle Association (NRA), um grupo norte-americano alinhado com os republicanos.

O seu grupo recebeu líderes da NRA na Rússia e, tanto Maria Butina como Alexander Torshin – vice-presidente do banco central russo que o Departamento do Tesouro sancionou em 2018 -, participaram de eventos da NRA e reuniões políticas nos EUA, onde se encontraram com republicanos influentes.

Ao participar num comício de Donald Trump, em 2016, Maria Butina foi escolhida para fazer ao futuro Presidente uma pergunta sobre as relações entre os EUA e a Rússia.

ZAP //

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