O relatório preliminar sobre o desastre na Etiópia indica que a tripulação seguiu “todos os procedimentos recomendados”, mas não conseguiu “evitar queda livre”. O piloto automático forçou descida.
O relatório preliminar aos dados das caixas negras do avião da Ethiopian Airlines que se despenhou em 10 de março concluiu que a tripulação “cumpriu todos os procedimentos”, mas não conseguiu controlar o aparelho. Os resultados foram apresentados esta quinta-feira em conferência de imprensa pelo ministro dos Transportes etíope, Dagmawit Moges.
Segundo o Observador, o documento indica que o acidente terá sido causado pela intervenção do piloto automático. O sistema de piloto automático terá assumido, de forma errada, que o avião estava a subir de forma demasiado rápida. Para compensar, o piloto automático forçou o avião a descer.
Foi assim que o Boeing 737 Max 8 entrou numa trajetória descendente acelerada. De acordo com a ABC News, o piloto terá conseguido recuperar da queda manualmente, mas a aeronave terá voltado a entrar em queda sistematicamente, devido à intervenção repetida do piloto automático.
Este relatório preliminar desmente a notícia inicialmente avançada de que um sensor danificado foi o responsável pelo embate como uma ave ou um objeto como a causa do acidente. Os investigadores concluíram que não foi encontrado qualquer dano estrutural no avião que possa ter provocado a queda.
Dagmawit Moges adiantou que a investigação teve por base a caixa negra do avião nas conversas gravadas entre tripulantes, no registo das manobras de voo e em documentação adicional do piloto e dos controladores aéreos ligados ao voo.
Estas dificuldades apontadas no relatório são semelhantes às apontadas no relatório preliminar sobre a queda de um Boeing 737 Max 8 da Lion Air, em outubro de 2018. Esse relatório indica também que o piloto automático forçou por 24 vezes a descida do avião, apesar das instruções em contrário da tripulação.
Os investigadores do governo da Etiópia recomendam que a Boeing reveja e modifique o piloto automático do Boeing 737 Max 8, e pedem que os reguladores internacionais verifiquem se o sistema foi corretamente alterado antes de permitirem que o modelo de avião volte a voar.
O Boeing 737 Max 8 Jet despenhou-se em 10 de março pouco depois de ter descolado de Adis Abeba, capital da Etiópia, matando todas as 157 pessoas a bordo. Este foi o segundo acidente com este modelo de avião em cinco meses, depois da queda de outro aparelho da Lion Air, na Indonésia, que provocou 189 mortos.
As 157 vítimas do voo 302 da Ethiopian Airlines, que tinha como destino Nairobi, eram de 35 países e pelo menos 19 eram funcionários das Nações Unidas. A agência governamental francesa de investigação sobre segurança da aviação civil já iniciou as análises às caixas negras do aparelho da Ethiopian Airlines.
Após o segundo acidente, perto de 60 países interditaram o seu espaço aéreo ou suspenderam temporariamente a utilização de aeronaves Boeing 737 Max.
ZAP // Lusa
Mas que novidade !!
Falta agora saber porque a Boeing não se chega à frente com as indemnizações a mais de 300 vítimas.