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Estudo revela origens dos gregos modernos a partir de análise de ADN

Domínio Público dos EUA / Wikimedia

Frota da civilização minoica no fragmento de Akrotiri, exposto no Museu Arqueológico Nacional de Atenas, na Grécia

Um estudo internacional, publicado esta quarta-feia na Nature, revela as origens dos gregos modernos a partir da análise de ADN antigo, concluindo que uma das civilizações que os precedeu, a minoica, tinha raízes no mar Egeu.

A civilização minoica e a que sucedeu, a micénica, foram as primeiras sociedades alfabetizadas da Europa e os antepassados culturais da Grécia Clássica.

Contudo, as origens dos minoicos e a sua relação com os micénicos sempre intrigaram os cientistas. O estudo publicado na Nature sugere que os minoicos tinham raízes profundas no Egeu, contrariando a tese de que terão migrado para a região.

“Queríamos determinar se as pessoas que constituíam as populações minoicas e micénicas eram, na verdade, geneticamente diferentes ou não, como se relacionavam, quem eram os seus antepassados, como os gregos se relacionam com elas”, justificou o diretor do Instituto Max Planck para a Ciência da História Humana, Johannes Krause, citado num comunicado da instituição.

Os investigadores analisaram dados do genoma (informação genética) de 19 esqueletos, incluindo de minoicos, micénicos e de habitantes do Neolítico da Grécia continental e da Idade do Bronze do sudoeste da Anatólia. Ao compararem o ADN dessas pessoas com o publicado anteriormente de outras três mil, antigas e modernas, os cientistas conseguiram clarificar as relações entre as diferentes civilizações.

Os peritos descobriram que os minoicos, em vez de serem provenientes de uma civilização distante, eram descendentes dos primeiros agricultores neolíticos da Anatólia ocidental e do mar Egeu e muito próximos dos micénicos, embora existissem diferenças genéticas entre ambos.

Apesar de não serem parecidos com as populações da Idade do Bronze, os gregos modernos estão geneticamente relacionados com os micénicos.

“É notável quão persistente é a ascendência dos primeiros agricultores europeus na Grécia e noutras zonas do sul da Europa, mas tal não significa que as populações estavam completamente isoladas. Havia, pelo menos, dois fluxos migratórios no Egeu antes da época dos minoicos e dos micénicos e uma miscigenação posterior”, ressalvou o autor principal do estudo, Iosif Lazaridis, da Harvard Medical School, nos Estados Unidos.

Segundo o investigador, os gregos modernos têm património genético das populações da Idade do Bronze, apesar de resultarem de vários povos migrantes, nomeadamente da estepe siberiana. A migração dos pastores do norte terá chegado à Grécia continental, mas não aos minoicos da ilha de Creta.

Os antepassados dos minoicos e dos micénicos eram populações da Anatólia ocidental neolítica e da Grécia. Os micénicos, com as suas raízes na Grécia continental, terão adotado grande parte da tecnologia e da cultura minoicas.

A civilização minoica (2600-1100 a.C) surgiu em Creta, a maior ilha grega, e tem sido descrita como a primeira sociedade alfabetizada da Europa. A ela se devem inovações culturais como o primeiro sistema de escrita europeu.

A civilização micénica (1700-1050 a.C) teve origem na Grécia continental e terá controlado ilhas próximas, incluindo Creta.

ZAP // Lusa

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