China Daily

“Sem arrependimentos”. Um estudante no leste da China perdeu um exame crucial para salvar a vida de um colega, que sofreu um ataque cardíaco. Diz que o exame pode esperar, mas os regulamentos não permitem a sua repetição.
No dia 10 de maio, Jiang Zhaopeng, um estudante de 18 anos de Shandong, província oriental da China, estava a caminho do importante exame nacional de admissão vocacional com um colega.
Pouco depois de entrarem no carro que os transportava, o colega sofreu um ataque cardíaco e perdeu a consciência.
Jiang iniciou imediatamente manobras de reanimação cardiopulmonar (RCP), e pediu ao motorista, Wang Tao, que se dirigisse diretamente ao hospital mais próximo.
Wang alertou a polícia de trânsito, que o autorizou a passar todos os semáforos vermelhos no seu percurso. Chegou ao hospital em apenas sete minutos.
De acordo com o South China Morning Post, o coração do colega de Jiang tinha parado durante quase 30 minutos, antes de os médicos conseguirem restaurar os batimentos cardíacos após um tratamento de emergência.
Depois de garantir que o seu colega estava em condição estável, Jiang relatou o incidente à sua escola e correu para o local do exame. No entanto, o atraso fez com que perdesse a secção de língua chinesa do teste.
Conhecido como Gaokao da Primavera, o exame de admissão vocacional da China é realizado anualmente e é uma via fundamental para a entrada na Universidade; é considerado o teste mais importante depois do exame nacional de admissão universitária em junho, o Gaokao.
“O meu exame pode esperar, mas o meu colega só vive uma vez“, disse o estudante herói. Mas os regulamentos atuais não permitem a repetição do teste.
Na semana passada, as autoridades educativas locais disseram que, de acordo com as regras atuais, Jiang não tem autorização para repetir o exame. No entanto, diz o SCMP, os seus professores estão em contacto com as autoridades na esperança de obter uma solução.
Jiang, que estuda próteses dentárias no Colégio Técnico de Shandong e tinha planeado candidatar-se a um programa de tecnologia médica através do exame, explica que tinha recebido formação formal em primeiros socorros como parte do seu curso.
“Esta experiência apenas fortaleceu a minha determinação em seguir medicina“, diz Jiang.
O incidente atraiu a atenção dos utilizadores nas redes sociais chinesas, que descrevem a situação como desoladora, saúdam o jovem estudante como um herói, e pedem clemência às autoridades educativas.
“Isto é desolador. Jiang pode ter que esperar mais um ano ou conformar-se com uma pontuação mais baixa“, escreve um utilizador. “Jiang pode ter perdido o teste, mas já obteve a pontuação máxima na vida“, disse outro.
“Saúdo este jovem gentil e altruísta”, acrescenta um terceiro. “O propósito da educação é ensinar as pessoas a serem boas. Jiang mostrou grande caráter e merece uma segunda oportunidade”.
Algumas pessoas salientam que a política de não repetição existe essencialmente para prevenir fraudes — situação que notoriamente não se aplica, neste caso. Outros propõem soluções alternativas, como conceder a Jiang pontos extra ou permitir que as universidades abram exceções em casos como o dele.
Na quarta-feira, o governo local de Shandong distinguiu Jiang Zhaopeng e o motorista, Wang Tao, com um “Galardão de Ato Corajoso” e um prémio monetário no valor de 10.000 yuan — cerca de 1.300 euros.