NASA/CXC/SAO (X-Ray); NASA/JPL-Caltech (Infrared)

Conceito artístico do sistema binário PSR J1928+1815
Equipa de cientistas chineses descobriu um pulsar extremamente raro que pode ajudar-nos a a compreender a evolução estelar.
Os sistemas estelares binários são pares de estrelas mantidas juntas pela gravidade, orbitando um centro de massa comum. Mais de metade de todas as estrelas da nossa galáxia fazem parte de um sistema binário ou de estrelas múltiplas, o que os torna surpreendentemente comuns.
As estrelas de um sistema binário podem variar muito em termos de massa, tamanho e brilho, e as suas interações moldam frequentemente a sua evolução de forma dramática. Nalguns casos, a gravidade de uma estrela pode arrastar material da sua companheira, levando a acontecimentos explosivos como as novae ou mesmo as supernovas.
O estudo de sistemas binários não só nos ajuda a compreender o ciclo de vida das estrelas, como também nos ajuda a compreender melhor o comportamento da matéria em condições extremas.
Uma equipa de astrónomos da China descobriu um pulsar extremamente raro num sistema binário cujos impulsos de radiação são ocasionalmente bloqueados pela sua companheira de poucas em poucas horas. A equipa, liderada por Han Jinlin, um investigador dos Observatórios Astronómicos Nacionais da China, publicou o estudo na revista Science.
Os pulsares em si não são especialmente raros, tendo sido encontrados quase 3500 só na nossa galáxia. São os restos densos de estrelas maciças que explodiram como supernovas no fim da sua vida. Emitem feixes de radiação electromagnética a partir dos seus pólos magnéticos e, à medida que rodam, esses feixes varrem o espaço.
Se um desses feixes atravessar a Terra, detetamo-lo como um impulso regular de ondas de rádio, raios X ou mesmo raios gama.
A descoberta foi feita com o Radiotelescópio Esférico de Abertura de Quinhentos Metros (FAST), também conhecido como “China Sky Eye”, o maior radiotelescópio de prato único do mundo.
Localizado numa depressão cársica natural na província de Guizhou, na China, possui uma antena parabólica de 500 metros de largura construída com mais de 4.400 painéis ajustáveis, o que lhe permite detetar sinais de rádio fracos do espaço profundo.
O FAST começou a funcionar formalmente em janeiro de 2020 e abriu aos investigadores internacionais em março de 2021. Os seus principais objetivos científicos incluem o estudo de pulsares, rajadas rápidas de rádio, hidrogénio neutro e a procura de inteligência extraterrestre.
Este sistema recém-descoberto, chamado PSR J1928+1815, está a 455 anos-luz de distância e deu aos cientistas um raro vislumbre dos processos de estrelas binárias.
Em particular, o processo que leva à formação de uma estrela de neutrões ou pulsar num par binário. Nestes sistemas, a estrela mais pesada envelhece mais depressa e acaba por colapsar numa estrela de neutrões ou num buraco negro.
Entretanto, a estrela mais pequena perde material para a sua companheira densa, fazendo com que partilhem um envelope comum de gás hidrogénio.
Durante um curto período de tempo, e este é o caso da PSR J1928+1815, as duas estrelas orbitam dentro do envelope comum. Ao longo de cerca de 1.000 anos, a estrela de neutrões limpa este envelope, deixando para trás uma estrela quente que queima hélio em órbita da estrela de neutrões.
Esta descoberta apoia teorias de longa data sobre a forma como as estrelas em binários trocam massa, encolhem as suas órbitas e ejetam os envelopes de gás partilhados. O estudo de sistemas como este ajuda-nos a compreender a evolução estelar, o comportamento das estrelas de neutrões e a forma como estes pares acabam por se fundir e produzir ondas gravitacionais.
Com telescópios potentes como o FAST, os astrónomos esperam encontrar mais destes raros pares cósmicos e desvendar mais segredos do Universo.
ZAP // Universe Today