Foram medidas, pela primeira vez, as oscilações da luminosidade de um magnetar durante os seus momentos mais violentos. Em apenas um décimo de segundo, libertou energia equivalente à produzida pelo Sol em 100 mil anos.
Um magnetar é uma estrela de neutrões que se distingue por um campo magnético extremamente poderoso, cerca de mil vezes mais forte do que o de uma estrela de neutrões normal.
Estas estrelas são famosas na Astronomia por sofrerem erupções violentas, mas os investigadores conhecem muito poucos detalhes devido à sua natureza inesperada e ao seu curto tempo de duração de apenas dez décimos de segundo.
Recentemente, uma equipa internacional de cientistas observou o brilho de um magnetar durante um dos seus momentos mais violentos, graças a um sistema de Inteligência Artificial (IA) construído no Laboratório de Processamento de Imagem (IPL) da Universidade de Valência (UV), em Espanha.
“A explosão do magnetar, que durou aproximadamente um décimo de segundo, foi descoberta a 15 de abril de 2020“, revelou Víctor Reglero, professor de Astronomia e Astrofísica na Universidade de Valência, citado pelo Interesting Engineering.
A erupção do GRB2001415 foi detetada pelo instrumento Atmosphere Space Interactions Monitor, que se encontra atualmente na Estação Espacial Internacional (EEI). As oscilações registadas são consistentes com a emissão produzida pela interação das ondas de Alfvén, cuja energia é rapidamente absorvida pela crosta.
O processo de reconexão magnética e os impulsos identificados em GRB2001415 terminaram em poucos milissegundos, desvanecendo 3,5 milissegundos após o rebentamento principal.
Através desta análise, cujas conclusões surgem num artigo científico recentemente publicado na Nature, os astrónomos conseguiram estimar que o volume da erupção foi semelhante ou até maior que o da própria estrela de neutrões.
“Mesmo em estado inativo, os magnetares podem ser 100 mil vezes mais luminosos do que o nosso Sol. No caso do GRB2001415, a energia libertada é equivalente àquela que o nosso Sol irradia em 100 mil anos“, concluiu o investigador Alberto Castro-Tirado.