Estreia hoje primeiro documentário sobre Kurt Cobain autorizado pela família

O documentário “Cobain: Montage of Heck”, de Brett Morgen, sobre o músico norte-americano Kurt Cobain, dos Nirvana, que morreu em 1994, estreia-se esta quinta-feira nos cinemas portugueses.

Com produção executiva de Frances Bean Cobain, filha do cantor, este é o primeiro documentário sobre Kurt Cobain autorizado pela família, e conta a vida do músico com recurso a depoimentos das pessoas mais próximas e ao arquivo pessoal, nomeadamente diários, pinturas, desenhos e gravações áudio.

Montage of Heck” é o nome de uma cassete que Kurt Cobain gravou em 1988 com uma colagem de músicas e filmes. Essa gravação faz parte do espólio – com bastante material inédito – que estava à guarda da família de Cobain e que foi disponibilizado ao realizador Brett Morgen para o filme.

Para Brett Morgen, essa cassete foi uma espécie de mapa que ajudou a estruturar o filme e a entrar no mundo angustiado e tortuoso de Kurt Cobain, num trabalho de pesquisa que começou a ser feito em 2007.

Estreado no início deste ano no Festival Sundance, nos Estados Unidos, o filme não pretende mitificar a figura de Kurt Cobain na história da cultura popular norte-americana, nem tão pouco contar a história dos Nirvana. “O objetivo era fazer um filme sincero” sobre a vida do músico, afirmou o realizador este mês, em entrevista à revista Esquire.

@alka_seltzer666 / Twitter

Frances Bean Cobain, filha de Kurt Cobain e Courtney Cox, produziu o documentário

Frances Bean Cobain, filha de Kurt Cobain e Courtney Cox, produziu o documentário

“Todos os dias tentava afastar-me do mito e aproximar-me do homem. E, quanto mais me aproximava, mais eu gostava dele. Senti uma tremenda afinidade com Kurt e espero que isso tenha passado para o público”, disse.

“Montage of Heck” é uma “viagem emocional” pela vida de Kurt Cobain, nascido em Aberdeen, até aos dias em que se viu consumido pelas drogas e pelos pensamentos depreciativos e suicidas.

O filme inclui depoimentos dos pais, da irmã, da ex-namorada, da mulher e do baixista Kris Novoselic, dos Nirvana, e assenta sobretudo em vídeos amadores que registam os primeiros anos de vida, os primeiros ensaios, a vida com Courtney Love e a filha. Há ainda imagens de arquivos de concertos e entrevistas.

O realizador incluiu também gravações áudio, com relatos pessoais e intimistas de Kurt Cobain, com ensaios e rascunhos de músicas, até aqui nunca revelados publicamente, e dezenas de desenhos, excertos de diários e cadernos de apontamentos, poemas e letras de canções.

É nestas gravações pessoais que se sabe das primeiras tentativas de suicídio de Kurt Cobain, como se sentia socialmente inadaptado e afetado pela separação dos pais. É também nesses registos que se ouve uma versão acústica – inédita – de um tema dos Beatles.

No filme, o autor de “Smells like teen spirit” deixa claro que nunca quis ser uma estrela do rock nem porta-voz de uma geração de jovens angustiados, deprimidos ou zangados com o mundo. Hiperativo e atormentado, Kurt Cobain dizia que nunca tinha procurado a fama, queria apenas fazer música e tinha medo de deixar de ser criativo.

Contado de forma cronológica, “Montage of heck” termina com Kurt Cobain a cantar, com os Nirvana, num concerto acústico gravado no final de 1993 em Nova Iorque para a MTV.

A gravação acabaria por sair em álbum em novembro de 1994, meses depois da morte de Kurt Cobain.

/Lusa

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