O estilo de vida dos indígenas da Amazónia pode esconder o segredo para uma boa saúde mental

Tânia Rêgo / Agência Brasil

Quem o inspira a viver uma vida mais saudável? Enquanto muitas pessoas seguem os estilos de vida dos ricos e famosos, os cientistas da Universidade da Califórnia do Sul (USC) sugerem que se olhe para as comunidades indígenas da Amazónia boliviana.

As tribos Tsimané e Mosetén utilizam uma dieta ótima e práticas de exercício que levam a um envelhecimento saudável do cérebro e a um menor risco de doença, relatou o Study Finds.

A industrialização fez com que os humanos tivessem mais acesso aos alimentos e aos cuidados de saúde e menos necessidade de trabalho físico árduo. Mas com isso, habituámo-nos a comer mais e a movimentar menos. A obesidade e uma vida sedentária está ligada a um declínio cognitivo mais rápido.

“A vida dos nossos antepassados pré-industriais era marcada pela limitada disponibilidade alimentar”, disse Andrei Irimia, um dos autores do estudo, publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences.

“Os humanos passaram historicamente muito tempo a exercitar-se por necessidade, para encontrar alimentos, e os seus perfis de envelhecimento cerebral refletiam esse estilo de vida”, continuou o também professor da USC.

No estudo, a equipa recrutou 1.165 membros das tribos Tsimané e Mosetén, com idades entre os 40 e 94 anos, e realizou tomografias computorizadas para medir o volume cerebral. Além disso, mediram o índice de massa corporal (IMC), a pressão sanguínea, o colesterol total e outros marcadores de saúde.

Os resultados mostraram que as tribos têm menos desperdício cerebral e uma melhor saúde do coração em comparação com pessoas de nações ocidentais, como dos Estados Unidos (EUA) e da Europa.

Os investigadores apontaram também para diferenças entre as sociedades indígenas. Os Mosetén são uma população “irmã” dos Tsimané, com língua e história semelhantes. Mas uma diferença fundamental é que estão mais expostos à tecnologia moderna, à medicina, às infraestruturas e à formação.

“Os Mosetén servem como uma importante população intermediária, que nos permite comparar um vasto espetro de estilos de vida e de fatores de saúde. Isto é mais vantajoso do que uma comparação direta entre o Tsimané e o mundo industrializado”, explicou Andrei Irimia.

Assim, embora ambas as tribos estivessem melhor do que as populações modernas da Europa e dos EUA, os Mosetén não apresentavam resultados tão fortes como os Tsimané. Nestes últimos, o IMC elevado e níveis de “mau colesterol” estavam ligados a maiores volumes cerebrais. Isto poderia dever-se ao facto de as pessoas terem mais músculo do que as das nações modernas com IMC semelhantes.

“Durante o nosso passado evolucionário, mais comida e menos calorias gastas na sua obtenção resultaram na melhoria da saúde, do bem-estar e, em última análise, no maior sucesso reprodutivo ou aptidão darwiniana”, disse Hillard Kaplan, professora na Chapman University, que estudou os Tsimané durante quase duas décadas.

“A história evolutiva selecionada por traços psicológicos e fisiológicos, que nos fizeram desejar uma alimentação extra e menos trabalho físico, e com a industrialização, levaram-nos a ultrapassar as marcas”, continuou.

O segredo está entre não comer muito pouco, nem pouco, e o exercício constante.

ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.