Num estudo inovador, uma equipa de investigadores descodificou o mistério da influência do amor romântico na atividade cerebral, revelando que o cérebro realmente opera de forma diferente quando estamos apaixonados.
Um estudo recente publicado na Behavioral Sciences dá novas perspetivas sobre como o amor romântico afeta o cérebro e o comportamento, uma área que, apesar da longa história do amor romântico na humanidade, permaneceu pouco compreendida até agora.
Adam Bode, estudante de doutoramento na Universidade Nacional Australiana, e coautor Phil Kavanagh, da Universidade de Canberra e Universidade do Sul da Austrália, realizaram uma pesquisa com 1556 jovens adultos que se identificaram como “apaixonados”.
A pesquisa teve como objetivo avaliar os sentimentos e comportamentos dos participantes em relação aos seus parceiros.
Posteriormente, uma segunda fase do estudo concentrou-se em 812 participantes que estavam apaixonados há no máximo dois anos, investigando a intensidade do amor romântico inicial, explica o IFLScience.
Os cientistas exploraram o papel do sistema de ativação comportamental (BAS), um mecanismo dentro da mente e do corpo que promove comportamentos que podem levar a uma recompensa. Embora o BAS tenha sido ligado a vários aspetos do comportamento humano e condições psiquiátricas, como o transtorno bipolar, esta é a primeira vez que é estudado neste contexto.
Os resultados confirmaram a experiência de muitas pessoas apaixonadas: o cérebro opera de forma diferente, com pensamentos e ações a girar temporariamente em torno do novo parceiro romântico.
“O BAS é evolutivamente antigo”, explicam os autores no seu artigo, “e o amor romântico fez uso desse sistema de uma maneira nova”.
Quanto às mudanças de comportamento, Kavanagh sugere que uma onda de hormonas pode ser a culpada.
“Sabemos o papel que a ocitocina desempenha no amor romântico, pois recebemos ondas dela no nosso sistema nervoso e corrente sanguínea quando interagimos com entes queridos. A forma como os entes queridos assumem uma importância especial, no entanto, deve-se à combinação de ocitocina com dopamina, um químico que nosso cérebro liberta durante o amor romântico”, explicou.
“Essencialmente, o amor ativa caminhos no cérebro associados a sentimentos positivos.”
Este estudo abre caminho para mais investigações sobre o amor. Bode e Kavanah planeiam agora estudar as diferentes abordagens do amor em homens e mulheres, bem como uma pesquisa global para categorizar as pessoas que experienciam o amor romântico em quatro tipos distintos.