Convictas de que “o mel não é só mel”, mas “pode ser muito mais do que isso”, Ana Pais e Carla Pereira, duas jovens empreendedoras da região de Aveiro, preparam-se para lançar no mercado uma nova marca, a Beesweet, que disponibilizará um mel cru aromatizado através de técnicas naturais.
“Queremos dar uma imagem de um mel diferenciado, de um mel com perfume – daí o slogan Beesweet, Honey like a parfum – no sentido de ter vários cheiros, vários gostos e vários aromas, para nos podermos dirigir a um público diferenciado”, explicou uma das promotoras do projeto em entrevista à agência Lusa.
Segundo Ana Pais, neta de um apicultor de Estarreja, mas com formação na área do turismo, a imagem do mel no mercado está atualmente “obsoleta” devido à escassez de inovação na diferenciação de sabores, à reduzida divulgação dos seus benefícios e propriedades e à embalagem “pouco apelativa e de difícil manuseamento” com que o produto chega ao mercado.
Aliás, disse, a comercialização da gama Beesweet está apenas dependente da obtenção do financiamento necessário para a compra do molde para a embalagem do novo produto, que fazem questão que tenha “uma imagem completamente diferenciadora”.
“A questão é que não temos capital, neste momento, para comprar a embalagem. Se vamos por o nosso mel dentro da embalagem de vidro que toda a gente já conhece, vai ser mais do mesmo, o que nós não queremos”, afirmou.
Para já, apenas em protótipo, a embalagem escolhida é de polipropileno e tem a forma de uma gota, “de esguelha, ergonómica e muito prática”, destacando-se pela cor dourada, onde sobressaem, “a transparente, para que se possa ver o mel”, o logotipo e o nome Beesweet.
Empenhadas em “arrecadar o máximo financiamento possível ” para entrar no mercado, as jovens empresárias lançaram este mês uma campanha de ‘crowdfunding’ (financiamento colaborativo) para, até final de junho, tentarem arrecadar 10 mil dos 25 a 30 mil euros necessários.
De acordo com Ana Pais, a Beesweet pretende “comercializar um mel diferente, que ainda não existe no mercado, e que acrescenta ‘flavour’ a um mel base de eucalipto ou rosmaninho, para se chegar ao um sabor mais cítrico, mais fresco ou mais intenso ou picante”.
“É um mel que continua a ter todas as caraterísticas do mel a nível da intensidade, da cor, da espessura e do cheiro, mas que tem um segredo”, disse, assegurando, contudo, que “é tudo natural”, não sendo acrescentado “nenhum aroma, essência ou químico”.
“Como é que o fazemos é um segredo de família e não o divulgamos”, acrescentou.
Além de uma gama de seis ‘flavours’, do ‘portfolio’ da Beesweet fará ainda parte um mel de mirtilo, descrito como um néctar “específico de floração” deste fruto silvestre, “100% feito pelas abelhas que vão diretamente à flor de mirtilo para fazer o mel”.
“Temos abelhas em três quintas diferentes de Sever do Vouga e já retirámos uma primeira colheita de mel”, adiantou Ana Pais, explicando que esta amostra “está a servir para realizar testes na Universidade de Aveiro, na Faculdade de Ciências de Nutrição do Porto e na Fundação Dr. Ricardo Jorge para entender se se trata, realmente, de um produto diferenciador e se, ao nível do néctar recolhido, tem 60% de mínimo de floração de mirtilo”.
O objetivo, salientou, é certificar o produto de forma a “garantir aos consumidores que este é, realmente, um mel de mirtilo e que tem propriedades diferenciadoras”, nomeadamente um poder antibacteriano mais forte do que os outros tipos de mel.
Em amadurecimento há cerca de um ano e meio, o projeto da Beesweet conquistou em outubro passado o 1.º prémio no programa Startup Pirates e foi apoiado com o Passaporte para o Empreendedorismo do Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e ao Investimento (IAPMEI).
“A estratégia é colocar o mel Beesweet no retalho ‘premium’ e ‘gourmet’ e na hotelaria de luxo em Inglaterra, Bélgica, França, Noruega, Viena de Áustria e Alemanha. Vamos abordar estes mercados através de retalhistas portugueses, que serão a nossa porta de entrada”, afirmou Ana Pais.
Já na China, Médio Oriente e a América do Sul, mercados que também estão “na mira” da marca, decorrem “contactos com distribuidores que a farão chegar às lojas segmentadas”.
Certo é que o produto “não vai competir pelo preço”, uma vez que “poderá chegar às prateleiras com um preço de 13/14 euros cada 200 gramas”.
Website: www.beesweet.pt
Facebook: https://www.facebook.com/www.beesweet.pt
Campanha crowdfunding www.massivemov.com/beesweet
ZAP/Lusa