A esquerda é o contrário de uma equipa de ciclismo

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ZAP // Miguel A. Lopes, António Cotrim, António Pedro Santos, Tiago Petinga, Miguel Pereira da Silva / Lusa

Tal como no ciclismo, é preciso perceber qual é a estratégia e respeitar a hierarquia da equipa. Uma dificuldade histórica na política.

Logo a seguir às eleições legislativas de Março, o Bloco de Esquerda (BE) teve a iniciativa de realizar reuniões entre os partidos à esquerda, além do PAN.

No domingo passado, o Livre disse publicamente que quer reunir com os mesmos partidos – PS, BE, PCP e PAN – para criarem uma estratégia conjunta, à esquerda, para as eleições autárquicas em 2025.

O BE, para não ficar atrás, já se mostrou disponível. Mas o PS ficou irritado com este anúncio de Rui Tavares, lê-se no jornal Público. Deveriam ser conversas discretas, não anunciadas na comunicação social.

Além disso, o PS “não quer ser o cão que é abanado pela cauda, quer abanar a cauda”. Ou seja, “não quer que sejam os partidos mais pequenos a determinar o ritmo político; os esticões desestabilizam o pelotão”.

A comparação com o ciclismo é feita por Bruno Vieira Amaral, na rádio Observador.

O comentador político descreve o ciclismo como um “jogo colectivo disfarçado de jogo individual”: há uma estratégia comum, “ninguém ataca só porque se sente bem, é preciso ouvir o director desportivo, perceber qual é a estratégia e respeitar a hierarquia da equipa”.

A esquerda política em Portugal “é o contrário” de uma equipa de ciclismo.

Traduzindo: há um interesse comum, de derrotar a direita, mas “cada partido tem a sua estratégia – o que é legítimo – só que, no meio desta vontade de cada partido se afirmar, há atropelos que podem prejudicar todos”.

Bruno também acredita que dentro do PS há “algum desagrado”. E estas acções mais à esquerda podem complicar eventuais entendimentos futuros – se os partidos mais pequenos não respeitam a hierarquia.

“Esta é uma dificuldade histórica: a esquerda não se entende. Aqui pode ser uma dificuldade acrescida para os entendimentos”, analisa.

Em relação à ideia do Livre para as autárquicas, o foco será combater a direita em Lisboa, por causa de um “sapo chamado Carlos Moedas que a esquerda ainda não digeriu”.

Voltando ao ciclismo: “Claro que o PS considera que ainda falta muito para as contagens de primeira categoria” – ou seja, para as eleições autárquicas de 2025.

E fica a dúvida: vai haver união entre os partidos à esquerda, ou o PS, sendo o maior partido e tem possibilidades de ganhar, deve concorrer sozinho?

José Miguel Fernandes lembra que os pequenos partidos não têm o mesmo ponto de partida: “Estão a marcar posição e a marcar-se uns aos outros“.

Já o PS, para o comentador, está na postura de “não me toquem, não me toquem, que eu é que mando“.

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4 Comments

  1. A geringonça “suicidou” a esquerda! A ideia genial de 2015, deu em suicídio. Agora é o tempo da travessia do deserto, enquanto a direita vai crescendo por todo o lado.

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  2. A fraca qualidade dos governos de esquerda, não é sr. Fernandes? Muito má gestão de um país que tinha tudo para se desenvolver ao ritmo da Espanha, não fosse o amiguismo, a corrupção e a incompetência do PS e companhia.

  3. A esquerda significa miséria, e os seus integrantes culpam os direitistas pelas vigarices que (os próprios vermelhecos) fizeram entre 2015 e 2024.
    Muita tristeza junta. Não sabem governar, estes vermelhos. Até mete nojo!

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