Apenas um dos 38 esqueletos encontrados tinha cabeça. A descoberta levanta mais perguntas do que respostas.
É uma descoberta de perder a cabeça — literalmente. Dezenas de esqueletos sem cabeça foram encontrados numa vala comum na Eslováquia no ano passado e os cientistas estão intrigados.
A escavação decorreu na localidade de Vráble, num sítio que é um dos maiores do início do Neolítico na Europa central e que está datado entre 5250 A.C. e 4950 A.C. O projecto foi uma colaboração entre arqueólogos da Universidade de Kiel e do Instituto Arqueológico da Academia de Ciências Eslovaca.
Tudo parecia normal até ao momento em que os cientistas se depararam com 38 esqueletos humanos, sendo que 37 deles estavam sem cabeça, numa cova com aproximadamente 15 metros quadrados. A única excepção era o corpo de uma criança, que estava completo.
As posições dos corpos sugerem ainda que não foram enterrados com cuidado, mas antes que foram atirados para a cova. Uns estão de barriga para baixo, outros com os membros abertos e outros agachados de lado. Que diabos se passaram aqui?
“Assumimos que íamos encontrar mais esqueletos humanos, mas isto excedeu toda a imaginação”, revela o líder do projecto, Martin Furholt. O sítio de Vráble não é novo para os arqueólogos e esta não é a primeira vez que são encontrados restos mortais humanos, relata o comunicado da Universidade de Kiel.
A descoberta suscitou muitas perguntas. Estas pessoas foram massacradas? Como e quando é que as suas cabeças foram removidas? Morreram todas ao mesmo tempo? Em que ordem foram colocados os corpos? Podem tratar-se de pessoas de várias gerações que foram enterradas à medida que iam morrer?
As respostas a estas questões não abundam, mas há algumas pistas que nos podem ajudar a decifrar estes mistérios.
“Vários ossos individuais fora da sua posição anatómica sugerem que a sequência temporal pode ter sido mais complexa. É possível que os corpos que já eram esqueletos tenham sido empurrados para o meio da cova para criarem espaço para os mais novos”, explica Katharina Fuchs, antropóloga da Universidade de Kiel.
Há ainda indícios de que as cabeças foram removidas cuidadosamente. “Em alguns esqueletos, a primeira vértebra cervical foi preservada, o que indica uma remoção cuidadosa da cabeça e não uma decapitação violenta”, acrescenta.
Os cientistas querem agora fazer mais pesquisas para descobrirem mais detalhes sobre os mortos, como as suas idades, os seus estatutos sociais, se eram familiares uns dos outros ou as suas dietas, por exemplo.