Reino Unido, EUA e agora Alemanha: as autoridades de segurança estão em alarme por causa do aumento da espionagem industrial da China.
“Eles andam por aí…” – neste caso os “eles” são os chineses.
Têm surgido relatos de espionagem chinesa ao longo dos últimos anos, em países mais mediáticos como Reino Unido e Estados Unidos da América.
Será prática recorrente de Pequim, mas o assunto tornou-se mais importante (e sensível) nesta fase de maior tensão entre China e Taiwan.
Agora a preocupação chegou à Alemanha. A espionagem realizada pela China é mesmo um assunto de Estado.
Haverá espiões entre os negócios alemães, a indústria alemã e a ciência alemã.
Na ciência, suspeita-se que há cada vez mais cientistas “encomendados” pelas autoridades chinesas: vão até à Alemanha para realizar pesquisas, ficam a trabalhar no país europeu – mas a sua tarefa é levar informações confidenciais para a China.
São, na maioria, estudantes de doutoramento envolvidos em projectos individuais em empresas alemãs, num esquema de alegada cooperação científica.
Como têm acesso às empresas e às suas bases de dados, tentam (e muitos conseguem) obter informações sobre futuras investigações científicas.
Isto é um “perigo considerável”, avisou a ministra federal do Interior, Nancy Faeser.
Já o ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, pediu directamente ao ministro da Defesa da China, Li Shangfu Li, para parar de recrutar ex-membros da força aérea alemã para treinar os seus próprios pilotos na China.
Este recrutamento foi revelado na semana passada pela revista Der Spiegel e pelo canal ZDF.
Os salários pagos pelos chineses aos pilotos alemães estarão a passar por empresas-fantasmas nas Ilhas Seychelles. Alguns militares foram recrutados por uma empresa criada por um membro do serviço secreto da China.
O Governo da Alemanha teme que informações confidenciais da NATO passem para o lado chinês.
“Deixei claro (ao ministro chinês) que esperava que essa prática parasse imediatamente. E disse-lhe que, provavelmente, ele não ficaria muito feliz se eu tentasse fazer a mesma coisa”, contou o ministro alemão.
O ministro chinês relativizou a importância deste “jogo sujo”, como descreve o portal UOL.
Um caso que não está a ser relativizado pelos serviços secretos da Câmara dos Deputados da Alemanha, que está atento e preocupado há semanas. Pode estar em causa “traição de segredos de Estado”.
O Ministério da Defesa alemão vai investigar este esquema.
Caso de 2020
A suspeita destes esquemas existe há muito tempo, mas casos concretos… raramente são divulgados.
Os círculos de segurança alemães contaram agora ao Handelsblatt um caso descoberto em 2020, com o qual as autoridades ainda estão a lidar.
Um cientista da China terá sido espião numa empresa de tecnologia médica do norte da Alemanha, em nome do Estado.
O processo tem sido mantido em segredo mas é um exemplo (concreto e raro) do risco de fuga de informação.