O ministério da Segurança do Estado chinês anunciou esta segunda-feira ter detido um cidadão estrangeiro que trabalhava para os serviços secretos britânicos MI6 e que espiava contra a China.
Segundo um comunicado publicado na conta oficial do ministério na rede social WeChat, o detido, identificado pelo apelido Huang e cuja nacionalidade não foi revelada, “dirigia uma empresa de consultadoria no estrangeiro” e, em 2015, foi recrutado pelo MI6, que estabeleceu com ele uma “relação de cooperação em matéria de informações”.
O MI6 ordenou-lhe desde então que viajasse várias vezes para a China, “sob uma identidade pública”, para “recolher informações sensíveis” para o Reino Unido e “procurar indivíduos para o MI6 recrutar”, lê-se na mesma nota.
O ministério indicou que o MI6 também o formou profissionalmente no Reino Unido e noutros países em matéria de serviços secretos e forneceu-lhe equipamento especial para comunicar.
Na sequência de uma investigação, os órgãos de segurança da China descobriram provas das alegadas atividades de espionagem de Huang e aplicaram “medidas coercivas criminais” contra ele, referiu o comunicado.
O suspeito forneceu ao MI6 nove segredos de Estado de nível “confidencial“, o segundo mais importante no sistema de informações do Estado chinês.
Em agosto passado, o ministério da Segurança do Estado chinês pediu a mobilização de “toda a sociedade”, visando “prevenir e combater a espionagem”.
O organismo indicou que todos os órgãos estatais e organizações sociais, empresas e instituições têm a obrigação de prevenir e impedir a espionagem e “proteger a segurança nacional”, e disse que ia colocar à disposição dos cidadãos números de telefone e caixas postais para receber denúncias, “garantindo o sigilo” dos informadores.
A entrada em vigor no ano passado de uma emenda à lei de Contraespionagem da China passou a proibir a transferência de qualquer informação relacionada com a segurança nacional e alargou a definição de espionagem.
A linguagem vaga da legislação causou preocupação entre investidores estrangeiros, sobretudo depois de, em maio passado, a polícia chinesa ter entrado nos escritórios de duas consultoras, a Bain & Co. e Capvision, e de uma empresa de análise de mercado para fusões, aquisições ou investimentos, a Mintz Group. As autoridades não deram nenhuma explicação, afirmando apenas que as empresas estrangeiras são obrigadas a cumprir a lei.
// Lusa