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À espera do pior, Hospital de S. João já prepara uso de capacetes respiratórios

Jean-Christophe Bott / EPA

A pressão sobre os hospitais do norte, com o aumento de casos de covid-19, pode levar à ruptura nos Cuidados Intensivos dentro de 5 dias. Uma situação que leva o Hospital de São João, no Porto, a preparar o pior cenário, com a formação dos seus profissionais para o uso dos chamados “capacetes respiratórios”.

Os profissionais do Serviço de Urgência (SU) do Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), no Porto, estão a receber formação sobre um aparelho denominado de Helmet (ou “capacete respiratório”), que tem sido utilizado na ventilação de doentes com covid-19.

O equipamento foi utilizado, nomeadamente, durante a primeira vaga da pandemia em Itália, quando os hospitais entraram em ruptura devido ao elevado número de internamentos.

Num contexto de “planeamento e antecipação das necessidades” e no âmbito de uma “capacidade alargada de resposta do hospital”, os profissionais do CHUSJ estão a receber formação para ficarem capacitados a usar estes capacetes respiratórios, bem como “outros dispositivos”, revelou à agência Lusa o coordenador da equipa covid do SU do Hospital de São João, Nélson Pereira.

“O Helmet é um dispositivo de origem italiana que já tem alguns anos de utilização, mas que veio comprovar, de forma ainda mais sensível, o seu interesse na primeira vaga da pandemia de covid-19, em Itália, onde, de facto, foi muito utilizado, e onde se verificou a sua grande utilidade nesse contexto“, aponta o médico.

Pelo facto de ter “muito interesse neste tipo de doentes” com covid-19 e uma vez que é um equipamento de que o centro hospitalar não dispunha e que recebeu há “relativamente pouco tempo”, “impõe-se dar formação a estes profissionais” do CHUSJ, acrescenta o mesmo responsável.

O capacete respiratório facilita a oxigenação e as trocas gasosas do organismo.

“Trata-se de um dispositivo que permite administrar oxigénio em altas concentrações, ao mesmo tempo que fornece uma pressão positiva durante a inspiração e a expiração que é muito importante neste tipo de pneumonia, em que os alvéolos pulmonares estão, por assim dizer, mais rígidos, e que precisam desta pressão para se expandirem e facilitarem a oxigenação e as trocas gasosas do oxigénio pelo dióxido de carbono que normalmente acontece nos pulmões”, explica Nélson Pereira.

Portugal contabiliza pelo menos 3381 mortos associadas à covid-19 em 217.301 casos confirmados de infecção, segundo o último boletim da Direcção-Geral da Saúde (DGS).

O país está em estado de emergência desde 9 até 23 de Novembro, período durante o qual há recolher obrigatório nos concelhos de risco de contágio mais elevado e municípios vizinhos. A medida abrange 191 concelhos.

Durante a semana, o recolher obrigatório tem de ser respeitado entre as 23 e as 5 horas, enquanto nos fins-de-semana a circulação está limitada entre as 13 horas e as 5 horas.

ZAP // Lusa

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