Entre as recomendações há também o fim da burocracia que leva a que os médicos de família passem um quarto do horário de trabalho a passar baixas, pedindo-se que o mero teste positivo já sirva para este efeito.
O novo grupo criado no Verão para aconselhar a tutela na área dos cuidados de saúde primários já enviou algumas recomendações à Ministra da Saúde, entre elas o fim do isolamento dos contactos de risco de quem já está vacinado com duas doses.
Para o Grupo de Apoio Técnico à Implementação das Políticas de Saúde (GAPS), o tempo de isolamento para os pacientes com covid-19 assintomáticos deve também passar para cinco dias, e não os sete que a Direcção-Geral da Saúde anunciou na quinta-feira.
Na proposta geral de revisão da novas normas, o GAPS dá exemplo dos Estados Unidos e das regiões autónomas dos Açores e da Madeira, onde foi decidido que cinco dias de isolamento bastam, considerando a decisão da DGS “extremamente cautelosa”.
João Rodrigues, médico que coordena o GAPS, lamenta também que ainda não se saiba quando vai entrar em vigor a norma dos sete dias, o que está a causar “uma enorme dor de cabeça” aos médicos de família, cita o Público.
Face ao enorme aumento de casos diários das últimas semanas devido à variante Ómicron, o responsável defende que os procedimentos têm de ser mais simples e acha um “exagero” continuar a isolar todos os contactos de alto risco, já que isso terá um grande impacto na economia e, nos casos de quem está totalmente vacinado, a medida até serviria para “valorizar a vacinação”.
De acordo com o último relatório da situação da Direcção-Geral da Saúde (DGS), divulgado na segunda-feira, há já quase 400 mil pessoas em isolamento por estarem infectadas ou por terem sido contactos de risco.
Em entrevista à CNN Portugal na segunda-feira, o Secretário de Estado Adjunto da Saúde, António Lacerda Sales, revelou que está em cima da mesa a possibilidade de se voltar a encurtar o período de isolamento para os assintomáticos e contactos de alto risco, mas que esta mudança não deve acontecer em breve e que depende “da evolução epidemiológica”.
O GAPS apela também ao fim das áreas dedicadas aos doentes respiratórios, aconselhando a que os pacientes sejam “observados normalmente na sua equipa de saúde familiar”. Os centros de saúde devem contratar reformados para atenderem quem não tem médico de família e devem ser estas unidades “dar a devida resposta no próprio dia às situações agudas” também no caso dos doentes respiratórios.
Os médicos de família têm também passado “pelo menos 25% do tempo diário de trabalho” a tratar das burocracias para as baixas por covid-19. Para resolver este problema, João Rodrigues sugere que o mero teste positivo já sirva como declaração de baixa para os patrões e para a Segurança Social, eliminando a necessidade de ser um médico a passá-la.
Para se ajudar a responder a todos os utentes, perante as dificuldades da linha SNS24, o especialista aconselha a criação de um call center por distrito e também o uso do email como uma ferramenta de comunicação, considerando que a pandemia é uma oportunidade de se melhorar os “canais de comunicação com a população”.