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“Dia histórico”. Espanha remove a última estátua pública do ditador Franco

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Estátua do ex-ditador Franco é removida

A última estátua pública do ditador Francisco Franco foi removida de Melilla. A cidade situa-se na costa noroeste de África, mas está sob a soberania espanhola desde o século XVII.

Na terça-feira, um grupo de trabalhadores derrubou a estátua através do uso de uma escavadora mecânica e brocas pesadas com o intuito de cavar a plataforma de tijolos onde a imagem de Franco estava colocada, avança o The Guardian.

Erguida em 1978, três anos após a morte de Franco, a estátua tinha como objetivo celebrar o seu papel como comandante da Legião Espanhola na guerra do Rif – um conflito travado na década de 1920 entre Espanha e França.

“Este é um dia histórico para Melilla”, afirmou Elena Fernandez Trevino, responsável pela educação e cultura da cidade, apontando que esta era “a única estátua dedicada a um ditador na esfera pública da Europa”.

A decisão de remover a estátua em Melilla teve por base uma lei aprovada em 2007 que exige a retirada de todos os símbolos do regime de Franco.

Apenas o partido de extrema direita Vox se opôs à decisão, argumentando que esta comemorava a vitória militar de Franco na guerra colonial, e não a ditadura que implementou em Espanha.

A estátua foi removida numa altura em que Espanha celebra os 40 anos de um golpe encabeçado por militares da Guaria Civil leais a Franco. Na época, os soldados invadiram o parlamento e dispararam em direção às cabeças dos parlamentares que se preparavam para nomear num novo governo. A tentativa de golpe político foi, no entanto, falhada.

Neste contexto, realizou-se uma cerimónia no parlamento onde as marcas das balas disparadas há quatro décadas ainda são visíveis. Durante o evento, o rei Felipe VI saudou os envolvidos na suspensão do golpe que acabou por resultar no “triunfo da democracia”.

“Neste dia, há quarenta anos, Espanha vivenciou um ataque extraordinariamente sério ao seu sistema democrático”, recordou o rei, saudando a intervenção do seu pai numa crise que ocorreu quando ainda tinha 13 anos de idade. Juan Carlos, que abdicou do trono em 2014, não compareceu na cerimónia, apesar do seu papel central no golpe.

A ditadura de Franco durou quase 40 anos, um período que ficou marcado por uma grande repressão e milhares de mortes.

Ana Isabel Moura, ZAP //

22 Comments

  1. este povo anda maluco, pensa que retirar as estátuas vai apagar a historia.
    sao os espanhois e algumas pessoas de portugal que pensam o mesmo

  2. Isto faz lembrar aquela votação na RTP da personalidade mais importante portuguesa durante o Sec. XX. Elegeram o Salazar.
    Embora seja bastante discutível, o Salazar teve realmente um dos papéis mais relevantes na história portuguesa no século passado. É inegável. Mesmo que seja para o mal, mas teve, é um facto!

    Neste caso, o Franco tem um peso na história espanhola enorme, como também ditador. Apagar registos ou provas da nossa história é a forma de resolver o problema?

    Não seria melhor acrescentar monumentos que relembrem a escravatura? Era uma idea, porque essa parte da história deve ser lembrada!

    Há muitos monumentos que foram feitos com base na escravatura, e vão fazer o quê? Demoli-los?

    • Miguel, por essa ordem de ideias, também é contra a retirada das estátuas de Estaline e Lenine dos países de Leste assim como de Saddam no Iraque? As estátuas são erguidas para homenagear personalidades ou acontecimentos e para criar ícones que vinculem as comunidades a episódios da sua história com os quais se identificam. Se a comunidade não se identificar com esses ícones então não faz sentido mantê-los mas isso não significa que a história seja apagada nem deixe de ser contada.

      • Exactamente!
        Uma coisa é uma obra de interesse público construída por um ditador; outra bem diferente é uma estátua a homenagear um ditador.

      • Compreendo e estou de acordo com uma parte do que comenta.

        Contudo dificilmente existem, neste contexto, valores absolutos. Dando exemplos:
        1) D. Afonso Henriques, reza a história que é criador de Portugal. Para os portugueses actualmente é um símbolo a relembrar. Mas para os árabes, foi um bárbaro que arrasou com as comunidades islâmicas da altura.

        2) Marquês de Pombal, foi um visionário, mas em simultâneo um ditador e também com muitas babaridades aos olhos do dia de hoje.

        3) Lenine (exemplo que nos trouxe aqui) é ainda um herói para um grupo considerável de pessoas no mundo.

        Cada cabeça, sua sentença. E embora a verdade seja apenas uma, o que cada um valoriza ou despreza é diferente, é mesmo relativo.

        A minha pergunta é: quem decide quais estátuas são para construir e quais para destruir? Ou vamos a votos?

  3. Ia aqui escrever alertando para a pequenez de certos espíritos que teimam em apagar a história e o seu legado a propósito da remoção da estátua de Franco.
    Mas, já outros o fizeram. E bem!
    Ficam apenas duas ou três notas adicionais:
    1 – a história é geralmente descrita como a ciência que estuda o passado, por forma a comprendê-lo para que os erros de então jamais se repitam. Se teimamos apagar a história…

    2 – cá, os democratas estalinistas e orwelianos fizeram o mesmo: apagar toda a nota de diferença. Foi assim com a Ponte Salazar, e só não foi com as estátuas porque as não há. Prova provada que por cá não houve fascismo… Regime autoritário, sim, sem dúvida. Ditadura ou fascismo, não!

    3 – os paladinos da democracia, hoje como ontem, lá (Espanha), como cá, mantêm-se fiéis aos seus “princípios democráticos”: muda-se o nome a uma ponte, removem-se estátuas, exumam-se restos mortais, obliteram-se jardins…

    4 – não se esqueçam dos Jerónimos, Padrão dos Descobrimentos e do Forte de Sagres….

  4. Ainda bem quem ninguém se lembrou de riscar o nome das ruas ou deitar abaixo as estatuas de Afonso Costa.
    Ele que arrastou Portugal para uma guerra desnecessária na Europa e corrompeu os resultados eleitorais como bem entendeu, dando força a uma choldra de carbonários sobre a qual assentou o seu regime.
    É preciso que se fale e estude este período da primeira república para que não se repita e dê origem a novos regimes autoritários.

  5. Dia histórico? Para mim é vergonhosa a forma como o que acontece nos EUA, passou para a Europa.

    Em vez de apagar a história, a mesma deve estar bem viva, todos terem conhecimento e os erros do passado não serem cometido de novo.

    Os “Dems. progressitas” em ação na Europa! Inconsequente, preocupante e vegonhoso!!!

  6. Estranho mesmo é o facto de, num país como a Espanha estar atrasado ao ponto de ter chegado a 2021 uma estátua a homenagear um dos piores ditadores da Europa!

  7. A História, as vezes, muitas vezes, comporta-se como uma prostituta que leva para cama aquele que lhe paga mais , muito ou muito pouco. Os historiadores, são os responsáveis pela mitologia criada pelo povo em seu fanatismo ideológico ; de muitos recebia compensações financeiras e apoio para a sua obra literária, então juntava-se a ciência e o bem estar social. Portanto, não nos esqueçamos que nomes consagrados pela História nas suas devida épocas, hoje são mostrados o seu caráteres de truculências e ferocidades; sanguinários e covardes apoiados pelo poder ditatorial. Outros, que exerceram papéis grandiosos pela sua Pátria, heróis anônimos, passaram despercebidos pelos crivos do Historiador , por inveja ou despeita, aparecem em pequenas citações nos livros estudantis ou em comentários de revistas e jornais. Demolir , destruir as estátuas dos flibusteiros, cabotinos é muito pouco. Deveria arrancar as páginas onde aparecessem os seus nomes e a HISTÓRIA ficaria agradecida. É o que pensa joaoluizgondimaguiargondim – [email protected]

  8. Já agora sejam coerentes e tenham a coragem de entregar Melilla ao seu dono, Marrocos! Que na altura do roubo creio ter sido a Portugal devido à ocupação dos Filipe em Portugal.

    • Isso é Ceuta, cuja bandeira mantém o escudo da Bandeira Portuguesa.
      E sim, Espanha devia devolver Melilla e Ceuta a Marrocos, Olivença a Portugal e, receber de volta Gibraltar.

  9. Bem os Portugueses acham que a história tem quinhentos anos mas não é assim, deviam ler muito sobre história antes de falar mal do passado, nós fomos escravos dos romanos as nossas riquezas foram exploradas por eles até ao limite, fomos saqueados roubados e massacrados pelos germânicos e ninguém fala sobre isso, e nós, Portugueses Espanhóis Ingleses Holandeses Franceses Alemães e outros, seguiram os passos de quem os educou, derrubar estátuas ou qualquer monumento em Portugal não vai fazer de nós melhores, o que faz de nós melhores é saber, e ensinar de onde viemos e para onde queremos ir, e só o podemos fazer se tivermos as provas, toda a gente tem o direito de ensinar aos seus filhos e aos seus netos, a história inscrita em pedra e não só a que nos escrevem em papel, os Portugueses gostam muito de ver aquela história de pedra de Itália, sabem mesmo como foi construído? os que querem derrubar símbolos ponham a mão na consciência, eu quero ver todos os símbolos só assim posso ensinar que há outro caminho para a humanidade, e se acham que o Salazar foi mau ditador é porque ainda não vimos um ditador a sério.

    • Que confusão… mas, o que esperar de alguém que acha que o ditador que esteve mais tempo no poder na Europa, não era um ditador “a sério”?!

  10. Que confusão… mas, o que esperar de alguém que acha que o ditador que esteve mais tempo no poder na Europa, não era um ditador “a sério”?!

  11. Há quem decida qual parte da história “positiva” deve ser recordada em estátuas, em detrimento da parte “negativa” que fica para debaixo do tapete.

    • Obviamente!!
      Mas quem quiser pode ter, em sua casa, as estátuas que lhe apetecer, seja do Franco, do Hitler, do Salazar, do Bin Laden, do Sócrates, etc, etc!…

  12. Obviamente!!
    Mas quem quiser pode ter, em sua casa, as estátuas que lhe apetecer, seja do Franco, do Hitler, do Salazar, do Bin Laden, do Sócrates, etc, etc!…

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