O presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, inaugurou a rentrée política no país vizinho com um discurso onde falou das prioridades para os próximos três anos, prometendo um aumento de impostos sobre os mais ricos.
“Vamos tributar aqueles que têm dinheiro para viver cem vidas“, prometeu Sánchez em declarações citadas pelo jornal El País. “Não é para prejudicar os milionários, mas para proteger as classes médias e trabalhadoras de um sistema que continua a ser extraordinariamente injusto”, acrescentou.
Assim, o presidente do Governo de Espanha anunciou “novas medidas para cortar privilégios desproporcionados de que beneficiam certas elites do país”.
Isso passará por “agravar fiscalmente” os impostos para aqueles que “já têm no banco dinheiro suficiente para viver cem vidas”, apontou ainda.
“Independentemente do que alguns pensem, Espanha será um país melhor se tiver automóveis eléctricos fabricados em Espanha, mais autocarros, mais transportes públicos e menos Lamborghinis“, salientou Sánchez.
Sánchez: “Vamos a gravar fiscalmente a los que tienen dinero para vivir cien vidas. Lo haremos para proteger a las clases medias y trabajadoras de un sistema extraordinariamente injusto. Más transporte público y menos lamborghinis” https://t.co/5Keq4otEf1 pic.twitter.com/aPob4aJe7K
— EL PAÍS (@el_pais) September 4, 2024
Financiamento “mais justo” para as comunidades
Entre as prioridades do Governo espanhol para os próximos meses está o financiamento das comunidades autónomas, com Sánchez a prometer um sistema “mais justo” que aborde “a singularidade de cada um dos territórios e garanta a suficiência da despesa pública”.
“A descentralização, que faz parte do ADN federal e autónomo do nosso Estado composto, é perfeitamente compatível com a solidariedade e a equidade entre territórios”, salientou o presidente do Governo.
Sánchez falou ainda em duplicar o Fundo de Compensação Interterritorial, um mecanismo que visa equilibrar as diferenças económicas entre as várias regiões de Espanha.
Esta iniciativa vai permitir que “todas as comunidades autónomas vão receber mais recursos do que os que recebiam com o PP [o Partido Popular]”, destacou.
Acusações aos “barões do PP”
O presidente do Governo de Espanha também acusou algumas comunidades de usarem o dinheiro que recebem do Governo central para criarem benefícios fiscais para os mais ricos.
Neste âmbito, visou especialmente a presidente da Comunidade de Madrid, Isabel Díaz Ayuso, eleita pelo PP.
“Os cortes de impostos para beneficiar os que estão no topo reduziram o rendimento em Madrid, em 31 mil milhões”, sublinhou. “Em cada 10 euros que o Governo dá, Madrid utiliza três para donativos fiscais“, atirou ainda.
Sánchez também criticou as políticas de privatização da saúde e os cortes na educação de Governos regionais do PP.
“A saúde e a educação não são mercadorias, são direitos. Não devem ser um negócio para poucos, como estão a fazer os barões do PP”, acusou.
“Só no último ano, mil milhões de euros públicos foram alocados aos cuidados de saúde privados em Madrid”, e “em Valência, as vagas em lares públicos para idosos foram reduzidas em 20%”, notou Sánchez.
É assim mesmo.
Pena é que em Portugal, nenhum primeiro ministro tem coragem para fazer o mesmo!
Os países cujas economias mais crescem não costumam ser aqueles que afugentam os ricos…