Esforçozinho? Presidente do BPI angariou no WhatsApp 2.5 milhões para o Banco Alimentar

António Pedro Santos / Lusa

João Pedro Oliveira e Costa, Presidente do BPI

O presidente do BPI disse hoje que as taxas de juro dos depósitos continuarão a subir, mas que não está disponível para pagar depósitos a qualquer preço, pois quer preservar a rentabilidade do banco.

“A subida da remuneração dos depósitos está a acontecer”, afirmou João Pedro Oliveira e Costa aos jornalistas, admitindo que a subida “é devagar” pois o banco quer preservar a sua rentabilidade.

“Quero preservar os depósitos dos meus clientes, mas não estou disponível para pagar depósitos a qualquer preço“, afirmou.

Segundo o gestor, atualmente, em termos médios, os depósitos a prazo a um ano têm taxas de juro de 2%, mas sublinhou que isto é nos depósitos “remunerados”.

Sobre se a decisão do Governo de baixar a remuneração na nova série certificados de aforro ajudou a banca a sentir menos pressão sobre os depósitos, o gestor concordou.

Disse no entanto que o BPI já vinha sentindo abrandamento na transferência de depósitos para certificados de aforro (pelos limites que os particulares podiam aplicar em certificados de aforro e pela subida dos juros de depósitos que já vinha fazendo, justificou), pelo que “não teve alteração significativa” após essa medida.

Quanto ao Presidente da República ter pedido um “esforçozinho” aos bancos para “tornar mais atraente” o pagamento dos depósitos aos portugueses, o gestor disse que o BPI “não tem feito um esforçozinho, tem feito um trabalho de casa permanente”.

No início do mês, o Presidente da República pediu um “esforçozinho” aos bancos para “tornar mais atraente” o pagamento dos depósitos aos portugueses, após a decisão do governo de suspender a emissão dos certificados de aforro com juros de 3,5%, substituídos por uma nova série — que rende menos 40% de juros.

Culpar a banca “é o fácil”

Perante o aumento das taxas de juro, que tem tido impacto nas prestações da casa ao banco, João Pedro Oliveira e Costa afirmou que o BPI vai fazer “o grande esforço de conseguir que todos os portugueses mantenham as suas casas independentemente da evolução taxas de juro” e disse que contará “com a folga financeira” que tem acumulado para isso.

O presidente do BPI frisou ainda o trabalho que o banco em outras áreas que considerou que pouco são faladas — os impostos que paga, o aumento dos salários, sobretudo os mais baixos, e o trabalho da Fundação La Caixa, considerando que a banca é muitas vezes culpabilizada de vários problemas, pois “é o fácil”.

Temos de apontar alguém, estão aqueles tipos ali, apontamos aqueles senhores ali”, disse, afirmando que quando se diz: “todos gastámos 23 mil milhões de euros para salvar bancos, isso não é verdade”.

Foi para salvar depositantes“, realçou, acrescentando que quatro bancos desapareceram e “dois pagaram tudo e com juros com margem de 5% ao Estado, o BPI e o BCP”, considerando que “há muita ignorância e muita demagogia“.

O gestor relatou que, na altura da pandemia da covid-19, ouviu a presidente do Banco Alimentar, Isabel Jonet, dizer na televisão que tinha os armazéns vazios e que fez então um grupo na rede social WhatsApp com presidentes de outros bancos e que angariaram 2,5 milhões de euros entre empresas e particulares.

“Foi uma grande angariação de dinheiro, não foi notícia, ninguém disse nada. Eu não fiz isto para reconhecimento, o reconhecimento é a consciência”, afirmou.

No almoço-debate no International Club of Portugal, João Pedro Oliveira e Silva disse ainda que, apesar da diminuição das transações de casas, não tem havido “diminuição de preços porque não há oferta, não há nova construção” e defendeu que devia haver “um programa de construção de dezenas de milhares de casas”, alavancado em privados com benefícios fiscais.

“Caso contrário não resolvemos o problema, podemos ter paliativos, mas não soluções”, afirmou.

ZAP // Lusa

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