Escuridão causada pelo asteroide que matou os dinossauros extinguiu a vida na Terra em 9 meses

Chase Stone

Os anos que se seguiram ao impacto do asteróide que exterminou os dinossauros da Terra foram tempos sombrios – literalmente.

Há cerca de 66 milhões de anos, o impacto do asteroide que matou os dinossauros não só extinguiu muitas formas de vida instantaneamente, como também causou mudanças ambientais que levaram a extinções em massa que foram ocorrendo ao longo do tempo.

As nuvens densas de cinzas e de partículas que se espalharam na atmosfera bloquearam o Sol, situação que fez com que algumas partes da Terra mergulhassem na escuridão.

Este é um cenário proposto pelos cientistas desde os anos 80, mas só desde a última década é que a comunidade científica começou a ser capaz de desenvolver modelos que mostram como esta escuridão pode ter mesmo impactado a vida no planeta.

“O pensamento comum é que os incêndios florestais teriam sido a principal fonte de fuligem fina que teria ficado suspensa na alta atmosfera”, disse ao site Live Science Peter Roopnarine, curador de Geologia do museu California Academy of Sciences.

“A concentração de fuligem nos primeiros dias e semanas após os incêndios teria sido alta o suficiente para reduzir a quantidade de luz solar incidente a um nível baixo o suficiente para impedir a fotossíntese“, acrescentou Roopnarine, que apresentou esta pesquisa, no passado dia 16 de dezembro, na reunião anual da União de Geofísica dos Estados Unidos.

Para estudar esta longa escuridão, a equipa reconstruiu comunidades ecológicas que teriam existido no momento do impacto do asteróide. Para isso, usaram 300 espécies conhecidas da Formação Hell Creek.

“Concentrámo-nos naquela região porque o registo fóssil tem boas amostras e está bem compreendido ecologicamente, então podíamos reconstruir a paleocomunidade de uma forma confiável”, explicou ao mesmo site.

De seguida, os investigadores criaram simulações que expuseram estas comunidades a períodos de escuridão com uma duração de 100 a 700 dias, para ver quais os intervalos que produziriam a taxa de extinção de vertebrados preservada no registo fóssil – cerca de 73%.

O início da escuridão pós-impacto do asteroide teria sido rápido, atingindo o seu máximo em apenas algumas semanas, disse Roopnarine.

Os cientistas descobriram que os ecossistemas poderiam recuperar-se após um período de escuridão de até 150 dias. Mas depois de 200 dias, essa mesma comunidade atingiu um ponto crítico, em que “algumas espécies foram extintas e os padrões de domínio mudaram”, relataram os cientistas.

Nas simulações em que a escuridão durou a duração máxima, as extinções aumentaram dramaticamente. Durante um intervalo de escuridão de 650 a 700 dias, os níveis de extinção atingiram 65% a 81%, sugerindo que as comunidades de Hell Creek experienciaram cerca de dois anos de escuridão.

“As condições variaram em todo o mundo por causa do fluxo atmosférico e da variação de temperatura, mas estimámos que a escuridão poderia ter persistido em Hell Creek durante até dois anos”, declarou Roopnarine, embora destacando que estas conclusões ainda são preliminares.

Os investigadores descobriram que, assim que um ecossistema atingia esse ponto crítico, poderia eventualmente recuperar-se com uma nova distribuição de espécies. No entanto, esse processo teria levado décadas.

ZAP //

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