Presidente do IAVE: “O que gostava mesmo era que o 1.º ciclo passasse a ter seis anos, tal “como acontece em quase todos os sistemas educativos internacionais”.
O presidente do organismo responsável pela elaboração das provas nacionais defende que o 1.º ciclo deveria ter seis anos de escolaridade e que as provas de aferição deveriam realizar-se a meio e no final desse ciclo.
Em declarações à Lusa, Luís Pereira dos Santos recordou os resultados do projeto-piloto realizado no ano passado com alunos do básico que revelaram que as crianças de sete anos (do 2.º ano de escolaridade) tinham tido desempenhos muito semelhantes aos dos colegas que tinham feito a prova em papel.
A grande dúvida, recordou, era se seriam capazes de escrever usando o teclado, mas as respostas mostraram que “não havia diferenças significativas nem com a qualidade nem com o tamanho dos textos”, contou.
Questionado sobre o momento em que se deveriam realizar as provas de aferição, Luis Pereira dos Santos lembrou que o IAVE apenas põe em prática um plano do Ministério da Educação e que a sua opinião não representa a posição do instituto que lidera.
No entanto, revelou que “o que gostava mesmo” era que o 1.º ciclo passasse a ter seis anos em vez dos atuais quatro, tal “como acontece em quase todos os sistemas educativos internacionais”.
Desta forma, os alunos poderiam ser avaliados a meio do ciclo, no 3.º ano, “para ajudar os professores a trabalhar com os alunos até ao final do ciclo” e depois novamente no final, no 6.º ano, para “um balanço das aprendizagens”.
As provas de aferição começam esta semana e marcam também um momento importante para os professores que em setembro começaram a imaginar as 35 provas e exames nacionais que agora vêm a público.
“Nós fazemos todos os anos cerca de um milhão de provas, desde provas de aferição aos exames nacionais do 12.º ano”, contou à Lusa o presidente do IAVE, acrescentando que as provas de aferição estão prontas desde meados do mês passado, mas os exames nacionais do secundário ainda estão em fase terminal.
É no edifício centenário do IAVE que se reúnem os mais de 150 autores das provas. “Não podemos ir visitar as salas porque o trabalho é completamente sigiloso“, contou.
Estes professores estão diariamente no terreno, a dar aulas, uma experiência que lhes permite saber o que se passa nas escolas e construir provas que “não estejam desligadas do que se faz em sala de aula”.
Para fazer as 35 provas – 24 do secundário e 11 do básico – são precisas 35 equipas de três a cinco elementos em que não se conhece os nomes dos professores envolvidos, “para não sofrerem qualquer tipo de influência”.
Todos os que trabalham na realização das provas são obrigados a assinar um acordo de confidencialidade e sabem que existem condicionalismos que os impedem de realizar este trabalho, como por exemplo, ter familiares diretos inscritos para fazer qualquer prova, acrescentou.
As equipas começam a trabalhar em setembro com “um cronograma muito rigoroso”, que define quando têm de apresentar as primeiras versões, que depois seguem para as várias auditorias feitas por associações de professores, sociedades científicas e universidades.
Em janeiro há uma versão consolidada das provas obrigatoriamente e em abril está tudo pronto para as revisões gráficas com a editorial do Ministério da Educação para as provas em papel. “Para as provas digitais já não existe essa revisão gráfica, existem outras revisões feitas internamente”, contou Luis Pereira dos Santos.
Dentro de dois anos, em 2025, todas as provas e exames nacionais deixaram de ser em papel passando a digitais.
// Lusa