A escola do 1.º ciclo de Palaçoulo, em Miranda do Douro, prepara-se para iniciar o ano letivo com dois alunos, atividades extracurriculares e a perspetiva de manter aberto o estabelecimento no próximo ano.
No caso da escola de Palaçoulo, que fica situada na aldeia mais industrializada do distrito de Bragança e onde não há praticamente desemprego, esta situação de “fecha e não fecha” começou no ano letivo 2010/2011, quando 12 alunos frequentaram o estabelecimento de ensino.
Mas agora o número de crianças “é o mais baixo de sempre”, com apenas dois alunos que vão frequentar o 2.º e 3.º anos do 1.º ciclo do ensino básico.
Para assegurar o ensino a estes dois alunos haverá seis professores, designadamente para o ensino básico, educação física, tecnologias de informação e comunicação, educação musical, inglês e mirandês.
“A escola de Palaçoulo é um caso ‘sui generis’. Este estabelecimento de ensino está em regime especial de funcionamento desde 2010. Significa isto que carece de uma autorização anual do senhor secretário de Estado [da Educação] para poder continuar a funcionar. Não há dúvida que é um caso único, e que tem a ver com a resiliência dos pais e encarregados de educação desta freguesia” em manter o estabelecimento de ensino aberto, explicou à Lusa o diretor do Agrupamento de Escola de Miranda do Douro (AEMD), António Santos.
O responsável referiu que tem sido “uma luta” manter a escola aberta, o que envolve o AEMD, município, pais e encarregados de educação.
“Para nós, cada aluno é uma preciosidade. Estamos numa região do interior onde o declínio da população é notório e tentamos preservar e apoiar todos os alunos que temos. O nosso lema é que nenhum deles fica para trás”, concretizou António Santos.
O diretor está ciente que na escola do 1.º ciclo de Palaçoulo há muito poucos alunos e aqui colocam-se “questões importantes do foro pedagógico”.
“Trabalhar com um número de alunos tão reduzido, em termos pedagógicos, é uma questão que nos preocupa e levanta questões sérias. Por outro lado, aumenta as nossas obrigações porque nós temos de prestar aos dois alunos o mesmo apoio e atividades extracurriculares e experiência pedagógicas da mesma forma que numa escola grande e com muitas turmas, e vamos fazê-lo porque não queremos perder estes alunos”, vincou o responsável.
De acordo com António Santos, a escola continua a ser “símbolo” da freguesia, onde há “pessoas muito resilientes, e tudo tem a ver com o dinamismo industrial da própria aldeia”.
Do lado do município de Miranda do Douro acredita-se que o número de alunos poderá aumentar já no próximo ano letivo, estando mesmo programadas “para breve” obras de requalificação da escola do 1.º ciclo de Palaçoulo.
“A comunidade não abdica da escola na freguesia. É compressível que pais e encarregados de educação, e população em geral, pretendam que a escola se mantenha em Palaçoulo. Estamos convictos que já a partir do próximo ano letivo a escola vai ter mais alunos e vamos avançar em breve com obras de requalificação do edifício”, disse à Lusa o vice-presidente e vereador da Educação da Câmara de Miranda do Douro, Nuno Rodrigues.
Segundo o autarca, quando os pais perceberem que os alunos de Palaçoulo têm as mesmas condições das dos de outros estabelecimentos de ensino que fazem parte do agrupamento de Miranda do Douro “vão deixá-los ficar nesta escola”.
“Tentaremos sempre manter a escola em funcionamento, mesmo com dois ou mais alunos, com refeições gratuitas e todas as atividades extracurriculares, envolvendo todos os professores”, frisou o autarca.
Nuno Rodrigues referiu ainda que “a existência de uma escola é um chamariz para quem se queira fixar nesta localidade industrial”, havendo casais jovens de outros países à procura de trabalho que naquela freguesia pretendem constituir família.
Já Sérgio Gonçalves, pai e encarregado de educação de um dos dois alunos que vai frequentar aquela escola, indicou que o convívio entre as crianças vai continuar e que as novas tecnologias os mantêm em contacto, e as brincadeiras na praça da aldeia não acabam porque o dia não é passado toda na escola, garantindo que estes estudantes “são privilegiados”, porque têm um professor do 1.º ciclo só para eles.
“Apesar de agora serem poucos alunos, já no próximo ano, provavelmente, a estes dois irão juntar-se mais seis e a escola segue o seu percurso normal. Tenho uma filha que frequenta o último ano do pré-escolar e vai manter-se em Palaçoulo, caso a escola se mantenha aberta”, afirmou o pai, empresário do ramo da tanoaria.
Sérgio Gonçalves dá como exemplo a sua empresa que dá trabalho a meia centena de pessoas e defende que para cativar mais mão-de-obra é “necessário ter uma escola para fixar pessoas”.
O presidente da Junta de Freguesia de Palaçoulo, Gualdino Raimundo, lembrou que as escolas são importantes em todas as freguesias, e considerou que existirem neste ano letivo dois alunos no 1.º ciclo é uma situação transitória.
“Independentemente do número de alunos, a escola em Palaçoulo faz todo o sentido. Há uma maior proximidade entre pais/encarregados de educação com os alunos”, enfatizou o responsável.
O autarca garantiu que também há pais que entendem que os seus filhos têm outras possibilidades noutras escolas. O agrupamento é todo o mesmo e existe a possibilidade de escolha entre as escolas do 1.º ciclo: na sede do concelho, na vila de Sendim e na freguesia de Palaçoulo.
“Todos acreditam que a escola não irá fechar e que o número de alunos vai mesmo aumentar”, concluiu.
De acordo com os dados provisórios dos Censos 2021, Palaçoulo conta com 567 habitantes, dos quais 35 são crianças dos 0 aos 14 anos.
Seis professores para dois alunos. Noutros lados faltam milhares de professores. Não há quem ponha mão na educação. Aqui, tal como no SNS, está tudo roto. Que governo é este? Se não têm categoria de desapareçam e vão dedicar-se à poda de videiras.
E mesmo assim ; a poda de videiras não é para qualquer Um , é preciso ….saber !
Por aquilo que tenho ouvido deste ministro da educação, começo a pensar que ele estaria melhor nas podas…
Compreendo a posição dos pais, obviamente é do interesse deles não quererem fazer viagens para levar os filhos à escola ou mesmo tendo que mudar de localidade.. mas sendo eu próprio de uma localidade onde sempre tive que fazer 30km diários de transportes publicos para assistir às aulas não é lógico manter uma escola aberta com todas as custas inerentes por dois alunos, tantos sítios a fechar escolas, maternidades e centros de saúde pois o sistema de educação e de saúde está falido e em simultâneo ainda se ouve falar de situações como esta.. Enfim.. Uma imensa falta de vergonha e um bom “tacho” e cunhas da forma mais descarada possível.. É preciso acabar com estas situações.. Somos todos nós que estamos a pagar os cerca de 10.000 a 15.000 euros mensais que mantém estes 2 alunos, que raio de república das bananas é esta???
Quanto muito, davam um subsídio de transporte! Não é esta pouca vergonha!
O problema do ministro não é este. É não saber mesmo nada de nada do que se passa no ministério. Deu uma conferência de imprensa tão vergonhosa (desconhecia tudo) que depois desse ato lamentável, só poderia mesmo demitir-se.
É mesmo isso: para podar videiras tem que se aprender a fazer. Esta contestação é difícil de se resolver. Mas é para isso que temos técnicos e não comentadores que nada sabem do assunto.
Tendo em conta que entre os seis professores estão os das atividades de enriquecimento curricular e estes vão a várias escolas as coisas não são como lhe parecem. É melhor não falar sem saber (assim como podar!).