Moçambique atribui culpas à Porto Editora por “erros graves” em livros escolares

Simon Davis / Department for International Development

Uma comissão de inquérito do Ministério da Educação de Moçambique aponta a negligência por parte da Porto Editora como uma das causas dos “erros graves” detectados nos livros escolares da 6.ª classe do Ensino Primário no país.

“As correções apresentadas, constantes dos relatórios dos consultores e assinados pelo director do Instituto Nacional de Desenvolvimento da Educação [INDE], não foram integralmente acatadas pela Porto Editora, o que revela negligência por parte desta no cumprimento das suas obrigações”, refere a ministra da Educação e Desenvolvimento Humano de Moçambique, Carmelita Namashulua.

Esta é a conclusão da comissão de inquérito criada para investigar a causa dos erros, classificados como graves, nos manuais de distribuição gratuita da 6.ª classe em Moçambique.

De acordo com a governante, os manuais foram aprovados sem que tenham sido observadas todas as cinco fases de avaliação previstas nas cláusulas contratuais, embora os livros tenham passado pela análise do INDE, pelo Departamento de Gestão de Livro Escolar e Material Didáctico e pela Direcção Nacional do Ensino Primário, o que também revela negligência e falta de profissionalismo por parte destes organismos.

A comissão de inquérito recomenda a restruturação do Conselho de Avaliação do Livro Escolar, com destaque para as demissões do director-geral do INDE, Ismael Nheze, e da directora Nacional do Ensino Primário, Gina Guibunda, que também era a porta-voz do Ministério da Educação.

Este órgão governamental anuncia ainda que será criada uma comissão especializada para avaliar questões financeiras relacionadas com caso, com destaque para a análise dos contratos assinados com as entidades envolvidas na produção e impressão do livro.

Entre os vários erros detectados está a localização geográfica de Moçambique, que no livro é situado na África Oriental e não consta como país da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), entidade em cuja fundação participou.

Uma outra anomalia considerada grave é a localização de antigas fronteiras do Zimbabué, país que faz fronteira com Moçambique, mas que o livro indica ser banhado pelo Mar Vermelho.

Os equívocos incluem ainda a ilustração de uma foto do parlamento angolano como sendo de Moçambique.

Os livros foram já retirados das escolas após a descoberto das gralhas.

No ensino público, Moçambique conta com um total de 13.337 escolas primárias e 677 escolas secundárias, segundo os últimos dados do Ministério da Educação do país.

ZAP // Lusa

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