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“Erros” no currículo. Raquel Varela perdeu “apoio” para bolsa de 4 mil euros e leva caso a tribunal

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A investigadora Raquel Varela está envolvida numa polémica depois de ter perdido o apoio do Instituto de História Contemporânea, no âmbito de um concurso a fundos públicos, devido a alegados “erros” no currículo. A notícia foi lançada pelo Público depois de Varela ter assinado um manifesto contra o jornal.

A polémica começou nesta segunda-feira, 20 de Setembro, quando o Público anunciou que Raquel Varela perdeu o “apoio” do Instituto de História Contemporânea (IHC) a um concurso da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) devido a “erros” no currículo.

Está em causa a quarta edição do Concurso de Estímulo ao Emprego Científico Individual e Raquel Varela teria direito a um apoio mensal de 4664,97 euros brutos. Mas, agora que o IHC lhe retirou o seu apoio, a FCT tem de “avaliar as consequências da decisão”, como destaca o Público.

O jornal aponta, no artigo de 20 de Setembro, que “os problemas” são “visíveis através da consulta ao currículo público” de Raquel Varela no portal Ciência Vitae. “Há cinco livros e sete artigos cujas entradas estão duplicadas, além de outros dois artigos que surgem três vezes naquela lista”, refere o diário.

Já num artigo de 21 de Setembro, o Público aponta que “Raquel Varela contabilizou 67 artigos científicos”, mas que “só tinha “metade” desse número”.

“Dos 38 artigos que a investigadora dizia ter publicado como única autora nos últimos cinco anos, o IHC também só encontrou “um terço””, acrescenta o jornal.

O Público revela ainda um comunicado do IHC que assegura que pediu a Raquel Varela que “esclarecesse” os “erros” e que “procedesse à revisão do currículo que apresentou a concurso”.

“Na ausência de esclarecimentos satisfatórios, e de correcção, o IHC comunicou à FCT que deixava de estar disponível para ser a instituição de acolhimento científico da candidatura”, destaca a entidade que pertence à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova de Lisboa.

Além disso, o Público nota ainda que a FCT já tinha sido confrontada com “uma queixa em tudo idêntica sobre Raquel Varela na terceira edição do Concurso de Estímulo ao Emprego Científico Individual, aberto no final de 2019” e que teria sido “assinada por um “investigador anónimo”“.

Raquel Varela diz que “o problema” é da plataforma

Raquel Varela já reagiu à polémica, anunciando ao jornal i que vai avançar com um processo judicial por difamação.

“As duplicações são automáticas e não implicam o aumento da produção de artigos”, refere a investigadora em declarações a este jornal, frisando que o “problema” é da plataforma Ciência Vitae, onde está publicado o seu currículo.

É um problema dessa plataforma que é conhecida por todos os investigadores, sobretudo de quem tem mais trabalho académico”, aponta e até dá um exemplo.

“Vou dar uma palestra que se chama “Quem paga o Estado social”, depois publico um artigo que se chama “Quem paga o Estado Social” e depois vou editar um livro que se chama “Quem paga o Estado Social”. A plataforma vai duplicando isso, como se fossem entradas duplas”, nota Raquel Varela ao i.

Nunca aparece em momento algum publicações que não tenho. Pelo contrário, faltam dezenas de artigos, publicações e actividades científicas nesse curriculum porque não tenho paciência para actualizar, o que só me pode prejudicar a mim”, refere também.

Em vez de 50 artigos, na verdade tenho 71. Sou a pessoa que mais publicou na minha área, o que me deu vários artigos”, constata, por fim, no mesmo jornal.

“A notícia não é o meu currículo”

Entretanto, num esclarecimento no Facebook, Raquel Varela vem dizer que “a notícia” não é o seu currículo, mas “o ambiente que se vive numa parte da academia”, com “as lutas pelos lugares escassos e precários, os meios e os fins”.

Além disso, refere que o que está em causa é também “o que é hoje um jornal e para que serve e qual o lugar dos jornalistas na nossa sociedade, e o que são processos públicos de tentativa de assassinato de carácter que se substituem aos lugares próprios, onde há defesa e provas, presunção de inocência e ónus da prova”.

“O meu CV não só é público como foi defendido em júris com provas escritas e públicas, realizadas com portas abertas, onde passei sempre com Muito Bom, Distinção (Doutoramento) e por unanimidade (Agregação)”, aponta ainda Raquel Varela.

“Hoje dou 7 horas de aulas a alunos de 9 nacionalidades aqui em Basileia [Suíça]. Dá-las-ei não só com o mesmo, como com mais entusiasmo do que nunca, e é aí que concentrarei o meu tempo”, acrescenta.

Raquel Varela também usa “o facto de, pela primeira vez, ter uma aluna de véu na sala de aula” como exemplo para reforçar a sua “batalha pelos direitos, liberdades e garantias individuais” como algo “inabalável”.

Raquel Varela tinha acusado Público de “censura”

Esta referência à liberdade, feita por Raquel Varela, não surge à toa, uma vez que a investigadora é uma das várias personalidades que assinaram, recentemente, um manifesto contra o Público devido à retirada de um artigo de opinião do jornal.

Nas redes sociais, há quem considere “curiosa” a “coincidência” de que “o Público se tenha lembrado de fazer o artigo sobre o currículo de Raquel Varela após ela ser um dos subscritores” desse manifesto.

Em causa está um artigo de opinião do médico Pedro Girão intitulado “Uma vacina longe de mais”. O médico falava sobre a vacinação das crianças e dos jovens, criticando os apelos “emotivos e políticos” que foram feitos nesse sentido.

Pedro Girão também se referia a “especialistas cobardes”, “médicos cobardes”, “políticos cobardes” e “militares cobardes” e notava que só “por cobardia” podiam “tentar usar crianças como um escudo humano”.

Após a revolta manifestada por algumas pessoas com o artigo, o Público acabou a pedir desculpas pela sua publicação, falando de “um erro de controlo editorial”.

Nesse seguimento, surgiu o manifesto em defesa da liberdade de expressão. Raquel Varela comentou o caso, em declarações à TVI, como sendo “um acto de censura” do Público.

Susana Valente, ZAP //

18 Comments

  1. Eh lá… a tudoluga “negacionista” (que faz concorrência à Joana Amaral Dias no “circo” da TV) e que tem a mania que é a “maior da aldeia” (não conseguiu evitar a mania da superioridade e lá teve que referir que até dá aulas na Suíça!) ia receber uma bolsa de quase 5000 euros/mês mas tem o currículo “adulterado”?!
    Muito bem…
    Gente que se faz de dona da moral e defensora dos mais fracos, nunca é de fiar!…

  2. Raquel Varela sempre foi uma esquerdalha.
    Mas ultimamente tem adotado um discurso discordante da narrativa esquerda, e isso eles não perdoam.
    Temos agora Varela a ser tacada pela matilha que antes a adorava.

  3. Imagino que ela vai para Inglaterra ou EUA se não receber aquí. Que pena.
    Mas assim pelo menos tenho que sustentar menos outra boca grande dos meus impostos

  4. Quando penso na Raquel Varela, vem-me logo à cabeça a imagem da profeta do socialismo que vocifera, cheia de um ódio interminável, as piores profecias acerca do liberalismo.
    Por mais que pense, fico sempre com a ideia que toda a vida da Raquel Varela gira à volta disto…do ódio pela iniciativa privada. Mas pelos vistos isso é suficiente para que o nosso dinheiro lhe pague um “apoio” de 4.664,97 €/mês!
    Com socialistas assim, quem precisa de liberais?

  5. É muito triste que sempre que temos uma questiúncula deste tipo, a nossa reacção é, SEMPRE, deitar abaixo!
    Pergunto: alguém dos que escreveu acima conhece a obra científica da Autora? Alguém sabe porque razão ela teve que ir dar aulas para a a Suíça?
    Felizmente que o karaté é uma arte marcial pacifista. É porque (sem qualquer conotação de proteccionismo sexista) o Marido da Raquel (karateka como eu fui já há muitos anos), podia chatear-se (se calhar esta não me saiu muito bem)…
    Por favor, dê-mos valor ao pouco que temos em Portugal. NÃO PODE SER, por a Raquel ser do PC, que se vai desvalorizar o seu trabalho e a sua obra (e eu não sou do PC).
    Juízo, por favor.

  6. “O Público revela ainda um comunicado do IHC que assegura que pediu a Raquel Varela que “esclarecesse” os “erros” e que “procedesse à revisão do currículo que apresentou a concurso”.

    “Na ausência de esclarecimentos satisfatórios, e de correcção…” ”

    Julgo que tenha tido aqui a oportunidade para esclarecer mas, pelo que percebo, não o fez. Porquê?
    Andam todos ao mesmo. Escusavam de tentar passar a imagem que são exemplares!

  7. Entretanto…. no caso do currículo do procurador europeu José Guerra, Costa diz que foram pequenos “lapsos” (que já agora, eram mentiras medonhas)… Mas é isso, povo! Continuem a votar Costa….

  8. Não ponho em causa a competência da senhora, que é historiadora+comentadora+professora+sei lá o quê, nem sei sequer qual a sua inclinação política, a única coisa que constato é que continuamos a ter uma casta social privilegiada e que por um “apoio”, que é o que refere a notícia, a srª leva 4667,947€ mensais, ainda temos sorte não a terem contratado em full time senão teríamos de pedir um empréstimo obrigacionista. No fundo, as PPP’s continuam por aí e em grande.

  9. Enfim ! Há casos alarmantes nesta história de apoios, subsidios, subvenções, etc e etc.
    Toda a gente quer mama sem trabalhar.
    A somar aos 4667€ que perde afinal com quanto fica para viver ?
    Se era tão necessário e importante porque não se defendeu respondendo à entidade que a inqueriu !
    E agora vem com a ameaça de processos e afins !! Coitado do tuga pobre e ignorante que anda 10 a 20 anos
    à espera de um apoio ou dos resultados da Justiça.
    Entendo e compreendo a importância de investigadores, pessoas da ciência e cultura numa sociedade mas dâ a entender que é o país que tªem de estar á mercê dos seus desejos e não viceversa.
    Se ela quizer do meu salário de 700€ a trabalhar 72 horas por semana eu posso dar algum para ajudar !!!

  10. Fraude e fuga fiscal gritante com a economia informal a ultrapassar 25% do PIB… Com isto, estão calados como ratos, não é? Roubar o Estado não é crime, não é? País de ladrões autorizados!

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