Erguer Portugal é dar uma arma a cada “português de sangue”

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(dr) José Pinto-Coelho

João Pais do Amaral e José Pinto-Coelho (Ergue-te)

Partido Ergue-te quer entrar na Assembleia da República sem ceder nas ideias nacionalistas. “Não quero saber se isto é xenófobo”.

O presidente do Ergue-te coloca a fasquia das legislativas de 10 de março na eleição para o parlamento sem ceder na ideologia nacionalista, apesar da fuga de votos nos últimos anos para outros partidos.

Em entrevista à Lusa, José Pinto-Coelho repudia a ideia do voto útil, por considerar que está a “prolongar um estado de agonia” do país, sublinhando que para “mudar mesmo” Portugal será necessário “coragem, sacrifício e tempo”.

Para a mudança que preconiza, o candidato nacionalista defende não ser possível acordos com a AD, o PS ou mesmo o Chega, ao notar que os seus elementos vêm dos partidos que passaram pelo poder.

“Estamos a concorrer a eleições e o objetivo é entrar na Assembleia da República. Tudo o resto não me interessa. Ter cinco mil votos [em 2022], 17 mil [em 2019] ou 27 mil, como tivemos em 2015, em termos anímicos, é diferente, não vou escamotear a verdade, mas, em termos práticos, é rigorosamente igual”, afirma, indiferente também ao aparecimento de outras formações políticas à direita, como a Alternativa 21 ou a Nova Direita.

Criticando a “pouca exigência das pessoas” para o crescimento do partido de extrema-direita liderado por André Ventura, o presidente do Ergue-te (antigo Partido Nacional Renovador — PNR) destaca que o Chega é “altamente incoerente” e que segue “chavões que agradam às pessoas, mas não vai até ao fim”, apontando como exemplo a imigração.

José Pinto-Coelho advoga que os cidadãos dos países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP) não partilham da matriz cultural portuguesa e rejeita também a vinda de pessoas da região do Indostão ou de origem islâmica. Questionado sobre a xenofobia dessa posição, o líder do Ergue-te desvaloriza a situação e reitera a intenção de reverter os fluxos migratórios.

Não quero saber se é xenófoba, não tenho medo nenhum de rótulos, porque isso é uma maneira desonesta de certos setores da sociedade – esquerdistas politicamente corretos – tentarem amordaçar e calar quem pensa de modo diferente. Então utilizam isto: discurso de ódio, xenofobia, homofobia… Estou-me ‘nas tintas’, chamem-me o que quiserem. Eu defendo aquilo que defendo: não quero imigração que não partilhe da nossa matriz cultural“, refere.

Já sobre um hipotético enquadramento no crime de discriminação e incitamento ao ódio e à violência, José Pinto-Coelho atira que o crime é dos “criminosos que fazem essas leis” e assume a sua crença numa “teoria da substituição” dos portugueses: “Qualquer dia vamos ser minoria na nossa terra. Eu estou a marimbar-me para as leis destes criminosos de Abril. O maior crime que estão a cometer é o crime de desaparecimento de Portugal”.

A saída a prazo da União Europeia é outro objetivo do candidato nacionalista, que defende para Portugal o que o Reino Unido logrou com o ‘Brexit’, mas reconhecendo que “para isso é preciso ter indústria, voltar a ter pescas e ter muito mais autonomia alimentar e energética”.

O que é prioridade

Para José Pinto-Coelho, as questões de identidade, soberania e família são prioritárias face a áreas sociais, como a saúde, a educação ou a habitação, reclamando, entre outras medidas, a revogação das leis do aborto, da eutanásia ou do casamento homossexual, num regresso ao passado em que essas questões não eram legais.

“Como era antigamente. O que está aqui em confronto são duas mundivisões completamente diferentes. Uma coisa é uma pessoa discutir com outra se o aeroporto deve ser em Alcochete ou em Beja, ou seja, são coisas práticas e em que pode haver consensos. Quando estamos a falar de valores, não pode haver consensos, não se pode chegar a meio termo. Ou se impõem os nossos valores ou se vive sujeito aos valores dos outros“, reitera.

Instado a eleger uma prioridade entre as áreas sociais, o líder do Ergue-te indica a habitação. Como resposta, advoga a proibição da venda de casas a estrangeiros não residentes, o fim dos licenciamentos no alojamento local, mais construção a preços de venda acessíveis, a intervenção na lei do arrendamento, e a redução dos juros do crédito à habitação pela Caixa Geral de Depósitos, recusando “a lei do mercado selvagem”.

Armas

Há um assunto que, aparentemente, ficou fora desta entrevista mas que é referido no tempo de antena que o partido tem nos canais de televisão: a segurança.

O Ergue-te considera que os policias atravessam um “inferno” por não terem meios e que os cidadãos se sentem “indefesos”.

Por isso, e porque alega que tem havido um “crime crescente”, o partido tem uma solução: rever a lei do uso e porte de arma.

Facilitar o acesso a uma arma, a todos os portugueses de sangue, maiores de 25 anos, sem cadastro, cumpridores, devidamente integrados na sociedade e que recebam formação específica”, explicou o vice-presidente João Pais do Amaral.

Tudo para que “ninguém tenha medo de circular na nossa terra”.

Essa sugestão está no programa eleitoral do Ergue-te.

ZAP // Lusa

3 Comments

  1. Dois Indivíduos que pretendem não ser xenófobos , racistas , homofílicos , isto e aquilo , posse de armas para tudo e para todos …..etc…..etc…. . Mas não utilizaram , nem incentivaram as palavras mais importantes , para uma Sociedade dita Civilizada …..CIVISMO e CIDADANIA . Bem podem disfarçar , mas conhece-se a arvore por os seus frutos !

  2. Já a morte tem vício.
    Dois pindéricos registam (? Um partideco, e já se julgam os donos do “farwest”.
    Confirma-se. As patologias de ordem mental estão instaladas, e são sérias.

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