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Metade dos Sea Eagles recusa jogar com camisola arco-íris

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(dr) Sea Eagles

Iniciativa de inclusão correu mal. Treinador justifica boicote com má gestão no clube e com diferenças culturais e religiosas no plantel.

Era uma iniciativa de inclusão, a tentar promover a igualdade entre todos, mas correu mal.

A direcção do Manly Warringah Sea Eagles anunciou que a equipa vai entrar no próximo jogo com uma camisola com riscas arco-íris, muito associada à liberdade individual na escolha da orientação sexual e da própria identidade da pessoa.

Problemas: houve falhas na comunicação e nem todos os jogadores concordam.

Aliás, sete jogadores desta equipa australiana de râguebi recusam entrar em campo com essa camisola – recorde-se que cada equipa entra em campo com 15 atletas.

A “bronca” originou uma conferência de imprensa, com a presença do treinador Des Hasler e do capitão Daly Cherry-Evans.

Des Hasler contou que nenhum jogador e nenhum elemento da equipa técnica foram avisados que a camisola especial iria ser apresentada. Só souberam depois de ter sido anunciado publicamente: “Houve falhas de comunicação, de colaboração, entre as partes interessadas”.

O técnico explicou que os jogadores não vão vestir a camisola porque o que a camisola representa “entra em conflito com as suas crenças culturais e religiosas”.

“E o bem-estar dos jogadores é importante para mim. A sua espiritualidade é uma parte central do seu bem-estar. O clube cometeu um erro e vai aprender com isso. Os jogadores não vão jogar na quinta-feira (contra os Sydney Roosters) e aceitamos essa decisão”, continuou.

O treinador pediu desculpa à comunidade LGBTQIA+ mas reforçou que os jogadores do seu plantel têm “crenças e convicções fortes” e, por isso, terão o espaço e o apoio necessários.

Apesar de quase metade da equipa não concordar, os restantes jogadores vão entrar em campo com a camisola – que já esgotou nos postos oficiais do clube.

Um dos atletas que vão vestir a camisola arco-íris é o capitão Cherry-Evans. E vai vesti-la “com orgulho, para tentar promover a inclusão e a diversidade”. Porque, no fim de contas, “todos somos seres humanos”.

Mas a execução desta iniciativa “extremamente importante” foi “fraca”, admitiu o treinador Des Hasler.

Curioso foi reparar que quem veio a público pedir desculpa pela “má gestão” foi o treinador e não o presidente, ou outro director. Um dos jornalistas também reparou nisso e perguntou Des Hasler porque ninguém da administração estava a falar com os jornalistas: “Terás de falar com a administração sobre isso”, respondeu o treinador.

Os Sea Eagles são um dos maiores clubes de râguebi na Austrália. Jogam na liga principal, a National Rugby League, e já foram campeões nacionais oito vezes.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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