A contratação de enfermeiros para o processo de vacinação está sujeita a grandes variações remuneratórias, dependendo de quem contrata. A diferença pode chegar ao triplo.
A crescente necessidade de enfermeiros para trabalhar nos vários centros de vacinação distribuídos pelo país obrigou as câmaras municipais e as administrações regionais de saúde (ARS) a contratarem profissionais de enfermagem através de empresas externas, mas há uma grande discrepância nos valores pagos.
Segundo o Jornal de Notícias, os enfermeiros que estão a ser contratados pelas câmaras municipais e pelas administrações regionais de Saúde (ARS) para participar no esforço de vacinação podem ganhar entre 5 e 15 euros líquidos por hora, dependendo da entidade que paga.
A questão surge porque, nestes casos, não há um contrato tabelado pela carreira especial, mas recibos verdes, sem valor mínimo definido.
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses indica ao JN que os enfermeiros com quem falou, e que trabalham com empresas de trabalho temporário, recebem sete euros brutos por hora para vacinar, ou seja, 5,25 euros líquidos.
Noutro caso referido pelo JN, a autarquia de Gaia revela que paga 10 euros à hora aos 52 enfermeiros que contratou diretamente.
Já as câmaras de Oeiras ou de Cascais, por exemplo, recorrem à empresa Blue Ocean Medical, que paga 20 euros por hora aos enfermeiros chamados para o processo de vacinação, isto é, 15 euros líquidos.
Rui Marroni, responsável pela área dos Cuidados de Saúde Primários do mesmo sindicato, refere que esta situação cria discriminação entre concelhos. “Há situações desiguais”.
Já Ana Rita Cavaco, bastonária da Ordem dos Enfermeiros, defende que as ARS é que devem contratar todos os enfermeiros e a tempo inteiro. “Temos enfermeiros disponíveis no mercado para contratar a tempo inteiro e temos novos enfermeiros a sair agora para o mercado”, alertou.
A ARS de Lisboa e Vale do Tejo confirma que recorreu “a empresas de prestação de serviços”, mas não revela quanto é pago aos profissionais.
O mesmo acontece com a ARS Norte, que diz apenas que “utiliza os meios legislativos criados para o efeito” de contratação de profissionais.