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Encontrado o buraco negro mais distante que pertence a uma rara família de galáxias

M. WEISS / CFA

Uma equipa de astrónomos identificou uma das classes mais raras conhecidas de galáxias emissoras de raios gama, chamada BL Lacertae, nos primeiros 2 mil milhões de anos de idade do Universo.

Com a ajuda do Grande Telescópio das Canárias, uma equipa de astrónomos identificou uma rara classe de galáxias que emitem raios gama – conhecida como BL Lacertae – nos primeiros 2.000 milhões de anos do Universo.

Só uma pequena fração de galáxias emite raios gama, que são a forma mais extrema de luz. Os astrónomos acreditam que estes fotões altamente energéticos se originam nas proximidades de buracos negros supermassivos que residem nos centros dessas mesmas galáxias.

Quando isso acontece, são chamadas de galáxias ativas – o buraco negro engole a matéria ao seu redor e emite jatos de matéria e radiação. Menos de 1% dessas galáxias ativas têm jatos apontados para a Terra: chamam-se blazares e são uma das fontes de radiação mais poderosas do Universo.

Os blazares podem ser divididos em dois tipos: BL Lacertae (BL Lac) e radioquasars de espetro plano (FSRQ). De acordo com os cientistas, estes últimos são galáxias ativas relativamente jovens, ricas em poeira e gás que cercam o buraco negro. Com o passar do tempo, a quantidade de matéria disponível para alimentar o buraco negro diminui e o FSRQ evolui para um Lac BL.

Isto significa que BL Lacertae pode representar uma fase mais antiga e mais evoluída na vida de um blazar, “enquanto os FSRQs são uma espécie de fase adulta”, explicou o cientista Vaidehi Paliya, citado pelo Europa Press.

Os astrónomos acreditam que a idade atual do Universo ronda em torno de 13,8 mil milhões de anos. Ora, o FSRQ mais distante conhecido foi identificado a uma distância de quando o Universo tinha cerca de mil milhões de anos. Em comparação, o BL Lac mais distante conhecido foi visto quando o Universo tinha cerca de 2,5 mil milhões de anos.

Esta constatação levanta a hipótese de que os FSRQs podem mesmo evoluir para BL Lacs.

Mais recentemente, uma equipa de cientistas descobriu um novo BL Lac muito mais longe do que o recorde de distância anterior. A descoberta do 4FGL J1219.0 + 3653 foi descrita num artigo científico publicado no The Astrophysical Journal Letters.

“Descobrimos um BL Lac existente há cerca de 800 milhões de anos, ou seja, quando o Universo tinha menos de 2 mil milhões de anos”, informou a investigadora Cristina Cabello.

“Esta descoberta desafia o cenário atual de que os BL Lacs são uma fase evoluída dos FSRQs”, acrescentou o cientista Nicolás Cardie.

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