Encontrada possível explicação para um monstro marinho nórdico

(dr) J. McCarthy

A técnica de “alimentação de armadilha” de uma baleia.

Um novo estudo sugere que uma rara técnica de alimentação das baleias pode explicar o mito do hafgufa, um monstro marinho nórdico.

Os nossos navegadores foram confrontados com desafios inimagináveis nas suas viagens até às novas terras. Alguns desses desafios estavam até longe de ser reais, acredita-se, fazendo apenas parte da sua imaginação. O medo de monstros marinhos vivia bem presente entre os marinheiros, fossem eles portugueses ou não.

Mas e se os receios dos marinheiros não fossem completamente descabidos e tivessem um fundo de verdade? É isto que sugere um novo estudo, publicado esta semana na revista Marine Mammal Science.

Tudo por causa de uma bizarra e rara técnica de alimentação de baleias. As criaturas nadam até à superfície, abrem a sua enorme boca na máxima amplitude à tona da água e esperam que um cardume nade até lá.

Embora apenas tenha sido observado recentemente, esta técnica, a que os cientistas chamam de “alimentação de armadilha”, pode já ser usada há mais tempo. Aliás, escreve a CNN, os nossos antepassados podem já a ter documentado em antigos textos e folclore.

Os autores do novo estudo sublinham que este comportamento das baleias pode já ter sido documentado no século XVIII em manuscritos nórdicos. A única questão é que, aos seus olhos, a criatura era descrita como sendo um hafgufa.

O hafgufa é mencionado no tratado norueguês de meados do século XIII chamado Konungs skuggsjá (“Espelho do Rei”).

Acredita-se que o hafgufa possa ser rastreado até ao aspidochelone, um monstro marinho que apareceu pela primeira vez no antigo texto grego Physiologus.

“Pareceu-me que a descrição nórdica do hafgufa era muito semelhante ao comportamento mostrado em vídeos da alimentação de armadilha das baleias, mas pensei que era apenas uma coincidência interessante no início”, explicou o arqueólogo marinho John McCarthy, em declarações ao Daily Mail.

Um relato norueguês do rei Hakon Hakonsson disse que a besta “parecia mais uma ilha do que um peixe” com uma boca escancarada “não mais ou menos larga que um grande fiorde”.

“Provas definitivas para as origens dos mitos são extremamente raras e muitas vezes impossíveis, mas os paralelos aqui são muito mais impressionantes e persistentes do que quaisquer sugestões anteriores”, observaram os investigadores, citados pelo The Guardian.

“Embora os estudiosos pós-medievais tenham frequentemente confundido o hafgufa com criaturas fantásticas, como o kraken e até mesmo as sereias, um exame minucioso de fontes anteriores demonstra que eles se referem a ele [hafgufa] explicitamente como um ‘tipo’ de baleia”, lê-se no estudo.

Daniel Costa, ZAP //

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