A pandemia de coronavírus está a ter um elevado custo económico para Portugal, esperando-se que o desemprego seja um grande problemas nos próximos tempos. Mas a meio do surto, também há novos negócios a crescer e empresas que procuram trabalhadores para poder dar resposta às novas necessidades de uma população de quarentena.
Apesar das perdas de milhões de euros, das mortes e do medo que alastra, a pandemia de coronavírus pode ser um momento privilegiado para promover a inovação no universo empresarial e para impulsionar negócios em certas áreas, como o comércio electrónico.
O e-commerce era, ainda, uma área encarada com alguma desconfiança por muitos portugueses, mas a quarentena e o medo de sair à rua fez disparar as compras online. De tal forma que alguns dos sites mais conhecidos dos grandes hipermercados, têm tido dificuldades em responder à procura, com alguns sites a não conseguirem, inclusive, aguentar tantos acessos.
As visitas ao Continente Online “mais do que quadruplicaram nas últimas semanas” e já só é possível agendar entregas de produtos encomendados para meados de Abril, conforme revelou uma fonte à TSF.
No site da Auchan, os utilizadores são confrontados com uma mensagem a avisar que estão “em fila de espera”. Um sistema que foi implementado para regular o excesso de visitas numa altura em que “há 70 mil pessoas a tentar aceder ao site, em simultâneo”, como explica uma fonte da Auchan na TSF.
No Mercadão, a empresa que faz as entregas do Pingo Doce, as encomendas online atingiram um “pico de entregas”. A empresa quer contratar entre 200 a 300 pessoas para conseguir dar resposta a todas as solicitações.
“A nossa equipa tem cerca de 150 pessoas, contudo não é suficiente para fazer face àquilo que tem sido a procura extraordinária que estamos a registar”, explica à TSF o director executivo da Mercadão, Gonçalo Soares da Costa.
Também o Lidl conta contratar 500 pessoas para responder ao aumento da procura devido à pandemia de coronavírus, para reforçar as 258 lojas que possui em todo o país.
Para lá destas marcas conhecidas, muitos restaurantes e pequenos negócios estão a tentar, também, aproveitar a força das circunstâncias e a mudança de hábitos dos consumidores, fechados em casa de quarentena. Os negócios de take-away e de entrega de bens alimentares têm aqui uma excelente oportunidade para proliferar.
Quando o teletrabalho começa a tornar-se o novo normal, as acções das empresas que se dedicam ao desenvolvimento de ferramentas para auxílio deste tipo de trabalho dispararam nas bolsas. Esta constitui uma outra área com potencial de crescimento e com espaço para a implementação de inovações que podem mudar a forma como encaramos o trabalho nos próximos anos.
E se em áreas como o turismo e o lazer se estão a registar perdas avultadas, com altos custos para a economia portuguesa, há expectativas de que algumas empresas portuguesas possam vir a lucrar com a má reputação que a China granjeou com esta pandemia, nomeadamente em termos de qualidade e segurança alimentar.
A ministra da Agricultura já tinha vaticinado que o surto de coronavírus poderia vir a ter “consequências bastante positivas” para a agricultura portuguesa. Os responsáveis do sector da produção de carne de porco acreditam que as exportações para a China devem crescer neste ano, apesar da pandemia.
Quem lucra sempre com os problemas de saúde do mundo é a indústria farmacêutica que já está a ganhar milhões com o coronavírus. E vai, certamente, continuar a acumular lucros com a descoberta de uma vacina e de medicamentos contra a Covid-19, apesar de estas investigações estarem a receber forte financiamento de entidades públicas e de particulares. Como de resto aconteceu num passado recente, nomeadamente com o VIH/SIDA, onde houve um investimento de milhões de fundos públicos para desenvolver novas terapêuticas – os medicamentos desenvolvidos acabaram por garantir lucros substanciais às farmacêuticas.