As empresas estão à espera das diretrizes do Governo para organizar o regresso dos trabalhadores após as férias e não querem ouvir falar de novas restrições à mobilidade.
A partir do dia 15 de setembro, o Governo alargará o país a situação de contingência, uma medida que irá baralhar quem já planeava o regresso aos escritórios. Esta semana serão conhecidos os pormenores, que já são esperados com alguma ansiedade pelas empresas portuguesas.
“Havia vontade de ter os colaboradores a regressar ao posto de trabalho, embora haja setores mais predispostos a continuar com o teletrabalho, como a área dos serviços e a comunicação”, reconheceu Luís Miguel Ribeiro, presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP), ao Diário de Notícias.
O responsável admitiu que, num momento como o que Portugal atravessa, as “situações são muito voláteis e as decisões são sempre pensadas e repensadas”, pelo que a situação de contingência poderá trazer novas mudanças aos planos das empresas – como a continuação do teletrabalho.
“Não sabemos quais vão ser as medidas decretadas pelo Governo, mas uma coisa todos sabemos: o país não pode voltar a uma situação de confinamento como aquela que vivemos. Seria desastroso“, disse.
João Vieira Lopes, da Confederação do Comércio e Serviços (CCP), reconhece que “há uma preocupação bastante grande, porque se a contingência introduzir restrições à mobilidade, a área do comércio e dos serviços ao consumidor sentirá repercussões.”
Apesar disso, a regulamentação do teletrabalho é vista com bons olhos tanto pela CCP como pela AEP. “A discussão é pertinente. O teletrabalho já existe há muitos anos em alguns setores, mas não da forma ou da dimensão de hoje e em setores em que há uns tempos não se perspetivava que tal viesse a acontecer”, afirmou Luís Miguel Ribeiro.
João Vieira Lopes considera que este é um momento adequado para discutir a regulamentação deste modelo de trabalho. “Tendo em conta que tem números muito superiores ao que era tradicional, tudo o que possa clarificar as regras é uma discussão que defendemos.”