Empresa-fantasma, filho de 5 anos com casa de luxo e dívida de 98 milhões. Os esquemas do caso Impala

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ZAP // Lusa

O empresário tinha dívidas de quase 100 milhões de euros, incluindo 40 milhões aos funcionários do grupo Impala. Foi detido esta quinta-feira devido ao perigo de fuga para o Brasil.

Jacques Rodrigues, patrão do grupo Impala, e barão da imprensa cor de rosa que foi detido esta semana pela PJ, comprou um apartamento de luxo que passou depois para o filho para escapar aos credores.

Segundo o Correio da Manhã, o apartamento em causa fica no Edifício Green Park, em Lisboa, e ficou em nome de um dos filhos do empresário quando este tinha apenas cinco anos de idade.

Este seria uma das tácticas utilizadas pelo empresário para ficar com o património e não ter de liquidar as dívidas aos credores, passando os bens para o nome de familiares. Jacques Rodrigues terá ainda comprado casas a sete dos seus oito filhos com dinheiro das suas empresas. O advogado do empresário, que também detido, terá ajudado a montar o esquema.

Segundo um despacho judicial citado pelo Expresso, as dívidas de Rodrigues ascenderiam a 98 milhões de euros, sendo que quase 40 milhões eram devidos aos trabalhadores da Impala. Foi inclusivamente uma denúncia de um ex-trabalhador que desencadeou a investigação do Ministério Público. O Estado também está na lista de cerca de 300 credores lesados.

Empresa sem funcionários faturou 120 milhões

O empresário é ainda suspeito de ter criado uma empresa que faturou 120 milhões de euros em apenas três anos, sem ter um único funcionário. Os procuradores acusam Rodrigues de criar um esquema de transferência de faturação de forma a que a empresa responsável pelas revistas “Maria”, “Nova Gente” e “TV 7 Dias” fosse descapitalizada.

A “Descobrirpress”, que tinha uma dívida de 21 milhões de euros à “Electroliber” — a mais antiga empresa de distribuição de jornais e revistas em Portugal — na iminência de ser executada, ficava com todos os custos de produção e encargos com o pessoal, enquanto que a recém-criada “EuroImpala SL” ficava com os lucros. O JN avança que foi esta empresa, com sede em Espanha, que obteve 120 milhões de euros de lucro sem ter funcionários.

Perante a iminência da execução da dívida, o barão do grupo Impala terá começado a a dissipar o seu património. O esquema terá levado a que o empresário comprasse a sua própria dívida e se tornasse o maior credor de si próprio, conseguindo assim controlar os termos dos três Planos Especiais de Recuperação (PER) que apresentou aos tribunais.

O Ministério Público aponta que Jacques Rodrigues e os seus cúmplices ocultaram 68 milhões de euros através da transferência da faturação. Os ativos da Descobripress terão também sido usados para pagar as dívidas de outras empresas do grupo e do próprio Jacques Rodrigues, sendo depois essas dívidas convertidas em capital social de empresas do grupo.

A acusação refere ainda que o apoio do filho Jacques Gil Rodrigues, o advogado Natalino Vasconcelos e o oficial de contas José Rito foi essencial para o empresário dono do grupo Impala.

Perigo de fuga para o Brasil

A procuradora Rute Ramos, do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Sintra, avança que a detenção teve que avançar devido ao perigo de fuga de Jacques Rodrigues para o Brasil, “onde possui investimentos e empresas”.

Devido à sua “capacidade financeira” e por ser “expectável que ao ter conhecimento dos factos que lhe são imputados e estado em que se encontra a presente investigação”, a procuradora considera provável que o empresário se tentasse “furtar à realização da justiça” com as “quantias que ilegitimamente se locupetou”.

Jaques Rodrigues foi detido esta quinta-feira pela PJ, estando em causa crimes de insolvência dolosa, burla, falsificação de documentos e corrupção. O seu filho, Jacques Gil Rodrigues, também foi detido e terá desmaiado em casa quando confrontado com a polícia, tendo precisado de assistência do INEM.

O empresário e filho foram presentes ao juiz de instrução Pedro Brito esta sexta-feira, assim como o advogado Natalino Vasconcelos. Falta apenas falar o revisor de contas Os interrogatórios serão retomados na segunda-feira de manhã. No total, a Operação Última Edição já tem 10 arguidos.

ZAP //

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4 Comments

  1. Não sei se é possível fazer um comentário, isso dava para fazer um enorme novela, om tantos ladrões e corruptos em Portugal, à começar por políticos, empresários, pelos advogados, juízes, as próprias leis que esses corruptos criam para se proteger, é mesmo sem comentários

  2. Está tudo uma míseria, não há ponta por onde se lhe pegue… não sei que dizer… muitas coisas péssimas…o que será do dia de amanhã e do dia dos nossos filhos… que ficaram a viver neste.mundo ..neste

    Planeta e até quando..quem sabe responder a alguma coisa porque isto está acontecendo e quando e como vamos resolver isto… são muitos problemas ao mesmo tempo…sem palavras…

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