Eleições repetidas: “no melhor dos casos” a abstenção chegará aos…98%

Mário Cruz / Lusa

Abstenção no círculo da Europa rondou os 80%. Nas mesas onde o acto eleitoral for repetido, número de votantes poderá ser muito baixo.

O acto eleitoral em algumas mesas no círculo da Europa, relativo às legislativas 2022, vai ser repetido. A nova votação está marcada para o dia 27 de Fevereiro.

Depois da confusão à volta dos votos que foram feitos por pessoas que não apresentaram qualquer documento de identificação, e porque muitos desses votos foram misturados com votos válidos, o Tribunal Constitucional decidiu repetir o processo nas assembleias “em que se tenha verificado a confusão”.

Rui Rio já disse que esta decisão dá razão ao PSD, que vai apresentar uma queixa-crime no Ministério Público. António Costa acha que o Estado deve um pedido de desculpas a todas as pessoas que viram os seus votos anulados.

No círculo da Europa, entre os mais de 900 mil portugueses inscritos, menos de 200 mil votaram, em Janeiro. Concretamente, a abstenção foi de 79,13% (no círculo fora da Europa a abstenção foi ainda maior, quase nos 90%).

Desta vez as mesas de voto poderão ser ainda menos frequentadas. O presidente do Conselho Regional das Comunidades Portuguesas na Europa, Pedro Rupio, avisa que a abstenção será mais elevada se o voto for apenas presencial.

“Se daqui a 10 dias tivermos o voto unicamente presencial, sem a possibilidade de votarmos por via postal, isso irá implicar uma redução muito significativa da participação eleitoral das comunidades portuguesas na Europa e, no melhor dos cenários, poderemos atingir níveis de participação similares aos níveis das presidenciais de 2021″, disse Pedro Rupio, à agência Lusa – nas eleições presidenciais do ano passado a abstenção foi de 98,03%, no círculo da Europa.

Rogério Castro, do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN), considera também que a abstenção vai subir muito. Por duas razões: “Principalmente porque o PS já tem maioria absoluta e os deputados na emigração não fazem grande diferença na formação da Assembleia da República, mas também porque, sendo as eleições no dia 27 de Fevereiro, não há tempo suficiente para divulgar, para dar conhecimento aos portugueses e às portuguesas na Europa que se irão realizar novamente eleições”.

Igualmente à Antena 1, José Dias Rodrigues, do Chega, deixou uma sugestão: “Colocar urnas na proximidade das pessoas; mas não há tempo, daqui até ao dia 27. Imaginemos que chegam 10 mil pessoas para votar no consulado de Paris. O que vão fazer?”

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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