Sondagens apontam para vitórias amargas do PSD de Albuquerque: um Executivo sem maioria estável para governar é o cenário mais provável, mas ainda há possibilidade de uma geringonça socialista.
Sem poder contar com o apoio do Chega — André Ventura já fechou a porta ao PSD enquanto Miguel Albuquerque estiver à frente do partido na Madeira — nem da IL, que já disse ser “absolutamente impossível” apoiar os sociais-democratas, a desejada maioria absoluta é um objetivo cada vez mais distante para o atual Presidente do Governo da Região Autónoma.
As eleições são já no próximo domingo e as sondagens não têm sido amigas do madeirense de 63 anos constituído arguido num caso de alegada corrupção.
Apesar de continuarem a prever uma vitória do PSD, a maioria absoluta é praticamente impossível e Albuquerque deixou de ter “amigos” para a concretizar. No meio da agitação, há um partido emergente que pode mudar tudo.
Geringonça inédita?
O natural da Madeira Juntos Pelo Povo (JPP), desde 2015 contra o domínio de 49 anos dos sociais-democratas, tem grandes possibilidades de aumentar a sua representação de cinco para oito deputados, abrindo portas a uma geringonça sob a liderança de Paulo Cafofo, do PS.
Apesar dos socialistas não preverem grandes ganhos face aos maus resultados nas eleições anteriores, mantendo-se entre 11 e 12 deputados, uma coligação excluindo o Chega e somando pelo menos 24 deputados poderia apoiar um governo liderado por Cafofo. Seria uma transição histórica na governança da região, uma vez que o PSD mantém o trono quente desde o início da democracia. Tudo pode ser decidido por poucas dezenas de votos.
Governo à Montenegro: “O princípio do fim”?
Por outro lado, a possibilidade de um governo à moda de Montenegro — de direita e sem maioria estável — paira como cenário mais provável.
Apesar de Albuquerque não excluir a possibilidade de negociar com o Chega — que também não espera grande crescimento — o pé que carrega no travão anticorrupção está à frente do pé que quer entrar num Governo.
Além disso, apesar das várias polémicas, não há sucessor à vista para o cargo de Albuquerque. E esta falta de nomeação “foi um dos maiores erros” do PSD Madeira.
“Foi um dos maiores erros nos últimos meses, não se ter dado um sinal claro de quem poderia ser o sucessor de Albuquerque, e agora podemos estar num beco sem saída“, confessa ao Jornal Sol fonte dos sociais-democratas na ilha. Há uns meses, o número dois, futuro sucessor e único preparado para assumir as rédeas seria o agora ex-presidente da Câmara do Funchal Pedro Calado — mas também sabemos como é que a sua história acabou.
No domingo, Albuquerque pode vir a testemunhar “o princípio do fim”: um governo sem maioria com o parlamento todo contra si.
“O PSD nunca governou na Madeira sem estabilidade, a estabilidade para nós sempre foi uma peça essencial para podermos governar”, dizem várias fontes ao semanário.
Oito meses depois das últimas eleições legislativas regionais, os madeirenses são convocados novamente para ir às urnas no próximo dia 26 de maio, este domingo, pouco antes das europeias marcadas para 9 de junho.
Com acordo entre o PSD e o Chega garantido, Albuquerque tem a Madeira no papo, e o resto é paisagem.