Os elefantes planeiam minuciosamente as suas viagens para poupar energia

Escolhem as rotas mais eficientes, com mais alimento e menos acidentadas, revelaram 22 anos de dados de localização por GPS de 157 elefantes quenianos.

Os elefantes africanos planeiam os seus movimentos com uma precisão muito acima do que pensávamos, para economizar energia.

Estes animais (ou, pelo menos, os que moram no norte do Quénia) selecionam as suas rotas com base numa combinação de terreno, vegetação e disponibilidade de água para mudar de sítio na sua busca por alimento e água, de acordo com um estudo publicado no Journal of Animal Ecology.

O estudo da Universidade de Oxford analisou 22 anos de dados de localização por GPS de 157 elefantes daquela região, recolhidos pela organização de conservação Save the Elephants.

Para eles, é fundamental conservar energia nas suas longas caminhadas, dado o seu enorme tamanho e grande necessidade alimentar. O estudo revelou que 94% dos elefantes evitavam consistentemente encostas íngremes e paisagens acidentadas, especialmente quando se deslocavam rapidamente, e que 93% evitavam essas áreas a alta velocidade.

Os elefantes também preferem regiões com maior produtividade de vegetação — áreas que oferecem mais alimentos em troca de menos deslocações. Embora a disponibilidade de água tenha influenciado os percursos, os elefantes mostraram comportamentos diferentes: alguns ficavam perto de fontes de água, enquanto outros se deslocavam para mais longe.

Para avaliar estes padrões, os investigadores utilizaram uma nova ferramenta de modelação chamada ENERSCAPE, que calcula os custos de energia com base no terreno e na massa corporal do elefante, explica a Phys. Combinando a ferramenta com dados de satélite para produzir paisagens energéticas detalhadas. Uma técnica estatística (funções de seleção de passos) permitiu aos cientistas comparar as rotas escolhidas com caminhos alternativos, ajudando a identificar os principais fatores ambientais que orientam os movimentos dos gigantes da savana.

“Embora seja necessária uma investigação mais pormenorizada para compreender plenamente a forma como um elefante utiliza o seu habitat, este estudo identifica um fator central de decisão para os elefantes viajantes: poupar energia sempre que possível”, adiantou o coautor do estudo Fritz Vollrath.

“Estes novos resultados têm implicações importantes para a avaliação e planeamento de medidas de conservação e restauro, tais como corredores de dispersão, ao contabilizar explicitamente os custos energéticos da deslocação”, disse o investigador principal Emilio Berti.

ZAP //

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