Uma egiptóloga canadiana afirma que Tutankhamun terá chegado ao poder depois de as suas duas irmãs terem ocupado o trono juntas.
Anteriormente, os especialistas sabiam que no século XIV a.C., uma rainha tinha precedido Tutankhamun, afirmou à AFP Velérie Angenot, egiptóloga e historiadora da arte na Universidade de Quebec, em Montreal (UQAM).
Alguns acreditavam que a rainha fosse Nefertiti, esposa de Aquenáton, autoproclamada faraó após a morte do seu marido, enquanto outros acreditavam que a rainha teria sido a princesa Meritaton, filha mais velha de Aquenáton.
O estudo conduzido foi baseado na semiótica – estudo dos signos -, que revelou que as duas filhas de Aquenáton assumiram o poder em conjunto porque o seu irmão Tutankhamun, que tinha na época 4 ou 5 anos de idade, era muito jovem para reinar.
Aquenáton tinha seis filhas e teve um filho mais tarde, que tinha uma constituição frágil e foi atormentado por doenças ao longo da sua vida. Aquenáton, que se tinha casado com a sua filha mais velha, Meritaton, para ensiná-la a reinar, teria vinculado o poder a outra das suas filhas, Neferneferuaten Tasherit, tendo ambas assumido o poder juntas sob o nome comum de Ankhkheperure, conforme o jornal Daily Mail.
A historiadora também analisou uma figura exposta no Museu Egípcio de Berlim que representa duas personagens sentados num trono, um dos quais está a acariciar o queixo do outro. “Levantaram todo o tipo de hipóteses sobre o assunto: se representa Aquenáton homossexual, Aquenáton com o seu pai, ou Aquenáton e Nefertiti”, explicou, “e eu percebi que este gesto de acariciar o queixo era típico das princesas, em 100% dos casos”.
A especialista também estudou várias esculturas de cabeças reais que, até então, eram atribuídas a Aquenáton, Nefertiti ou Tutankhamun.
A egiptóloga apresentou suas descobertas numa reunião de egiptólogos na Virgínia, nos EUA. Angenot acrescentou que esperava conseguir avançar no conhecimento sobre questões de sucessão no antigo Egito e no Período de Amarna, na era do reinado de Akhenaton, conhecido como o “rei herege”.
“Acho que podemos avançar a nossa compreensão sobre as questões de sucessão no Antigo Egito, mas acima de tudo, no nosso conhecimento sobre o período fascinante de Amarna, que viu o nascimento do primeiro monoteísmo”, objeto de debates cáusticos há séculos, concluiu Angenot.
O estudo de algumas peças do tesouro de Tutankhamun, descoberto em 1922 pelo arqueólogo britânico Howard Carter, revelaram que o faraó tinha usurpado a maior parte do material funerário da rainha Neferneferuaten Ankhkheperure.