Ninguém sabia como é que os antigos egípcios faziam pão, até uma investigadora ter posto – literalmente – as mãos na massa e descoberto qual era o seu segredo.
“A produção de pão no Egito faraónico está bem documentada, principalmente através de imagens de processamento de alimentos que fazem parte da decoração dos túmulos da elite do Antigo e Médio Império, e as chamadas formas de pão – utensílios de cerâmica para cozinhar encontrados em grande número em sítios arqueológicos”, escreveu a investigadora Adeline Bats, da Universidade Sorbonne.
Porém, num estudo publicado este mês na revista Journal of Archaeological Science: Reports, a francesa explica que o processo “não é muito conhecido ou compreendido”.
Para perceber qual o processo usado no fabrico de pão, a investigadora estudou a iconografia. Através das imagens foi possível percecionar três passos: aquecer o molde no fogo, retirá-lo e despejar o líquido no seu interior.
Nas suas experiências a arqueóloga decidiu aquecer e cozer o pão em lareiras abertas em covas rasas, a uma temperatura entre 850º C e 950º C.
Descobertas orgânicas de sítios arqueológicos relevantes indicaram que dois tipos de grãos eram cultivados na época, cevada comum e farro – um tipo de trigo.
“Foi fundamental trabalhar com pelo menos uma dessas plantas, hoje muito raramente cultivadas no mundo. Então, R. Feuillas, um agricultor-padeiro e especialista em variedades de ‘trigo velho’, foi convidado a participar neste projeto de investigação”, salientou a investigadora, citada pelo The Jerusalem Post.
O agricultor que colaborou na investigação forneceu uma farinha orgânica de farro, com baixo teor de glúten a altamente digerível. Este cereal foi utilizado em todos as experiências.
https://twitter.com/AdelineBats/status/1364204875249299457
Bats fez várias fornadas, com diferentes misturas, temperaturas e níveis de humidade. Ao todo foram cozidos mais de 54 pães, sendo que o melhor foi um feito com 1 quilograma de farinha, 15 gramas de sal, 170 gramas de massa Triticum monococcum (uma espécie de trigo) e 750 mililitros de água.
O segredo está em cobrir o interior das formas cónicas com uma camada de argila fina e arenosa, aquecer as formas horizontalmente e modelar previamente a massa em pedaços alongados.
ZAP:” foi possível percecionar três passos: aquecer o molde no fogo, retirá-lo e despejar o líquido no seu interior”. A massa do pão nunca é liquida (1 quilo de farinha 750 ml de água) !
“ninguém sabia como é que os antigos egípcios faziam pão…” Isto acontece porque hoje em dia ninguém sabe como se faz! É como os bebés… Se hoje soubessem fazer bebés, também sabiam como se fazia antigamente… Ou seja; é igual!!
Aqui, mais importante do que a forma como faziam a massa do pão é o modo como a coziam. Faz-me alguma confusão como se tira o pão depois de cozido daquele tipo de forma! Talvez a arqueologia tenha a resposta. Faz-me lembrar o pão do caco madeirense! Mas esse tira-se bem do caco!