Efeito Trump: Principais empresas da zona euro suspendem investimentos

KENT NISHIMURA / EPA

Segundo o FMI, a economia mundial deverá atingir este ano o ritmo mais baixo das últimas duas décadas. Enquanto isso, as principais empresas da zona euro estão a suspender os investimentos devido à incerteza sobre as tarifas impostas por Donald Trump.

O Banco Central Europeu (BCE) informou esta terça-feira que as principais empresas da zona euro estão a suspender investimentos por causa de Trump.

Os contactos feitos pelo BCE tiveram lugar com representantes de 79 empresas líderes da zona euro entre 17 e 26 de março, antes do Presidente dos EUA anunciar novas tarifas em 26 de março e em 2 de abril.

“Muitos prestadores de serviços às empresas (incluindo serviços de emprego, TI e consultoria) disseram que os clientes estão a adiar grandes projetos, tendo em conta a atual incerteza em relação, por exemplo, às tarifas”, disse o BCE.

A procura de automóveis de passageiros está a estagnar e permanecerá baixa ou crescerá apenas moderadamente a curto prazo, de acordo com as principais empresas da zona euro.

Ainda assim, muitas empresas vão esperar para ver o que vai acontecer com as tarifas ou estão céticas quanto à sua introdução ou duração, de acordo com os resultados destes contactos.

EUA particularmente ‘castigados’

As empresas acreditam que as tarifas terão efeitos negativos especialmente nos consumidores norte-americanos.

Além disso, sustentam que este mecanismo de Trump vá desencorajar grandes investimentos nos EUA, uma vez que as empresas hesitarão em tomar decisões a longo prazo.

“O principal impacto dos anúncios de tarifas até agora foi levar as empresas a suspenderem alguns investimentos e a avaliarem a sua dependência de fatores de produção dos EUA”, segundo o BCE.

As empresas que “reavaliaram as suas perspetivas tendo em conta as tarifas atuais ou previstas esperavam uma redução da atividade e, em geral, preços mais elevados”, adverte a instituição monetária.

Quanto ao anúncio do aumento das despesas em defesa na Alemanha e em toda a União Europeia (UE), as empresas esperam que tenha um impacto positivo na atividade económica.

Crescimento económico em causa

O Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu em baixa as suas previsões para o crescimento da economia mundial, este ano, para 2,8% contra os 3,3% que tinha apontado em janeiro, antes das tarifas de Trump.

Será o crescimento mais baixo dos últimos 23 anos.

Segundo o World Economic Outlook (WEO), publicado esta terça-feira, para 2026, o FMI estima um crescimento de 3%, inferior aos 3,3% que também estimava em janeiro.

“A rápida escalada das tensões comerciais e os níveis extremamente elevados de incerteza política deverão ter um impacto significativo na atividade económica mundial”, justificou, no documento.

O FMI projeta que o crescimento nas economias avançadas seja de 1,4% em 2025, estimando que “o crescimento nos Estados Unidos abrande para 1,8%”, um valor 0,9 pontos percentuais inferior “ao projetado na atualização de janeiro de 2025 do WEO, devido à maior incerteza política, às tensões comerciais e à menor dinâmica da procura”.

Já o crescimento na área do euro, de 0,8%, deverá abrandar 0,2 pontos percentuais, face ao estimado em janeiro. Dentro de portas, o FMI revê em baixa crescimento do PIB português para 2%, este ano

Nos mercados emergentes e em desenvolvimento, o crescimento deverá “abrandar para 3,7% em 2025 e 3,9% em 2026, com descidas significativas para os países mais afetados pelas recentes medidas comerciais como a China”, alertou.

ZAP // Lusa

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