Um “efeito borboleta” no ADN pode explicar as causas do autismo

ZAP // Dall-E-2

A pesquisa indica que um efeito dominó pode levar a que genes que não estão relacionados diretamente com o autismo influenciem o risco da doença.

Um estudo inovador publicado na revista Cell Genomics propõe um “efeito borboleta” no ADN como a possível explicação para a ativação de genes relacionados com o autismo. Este efeito sugere que as mutações em genes não diretamente relacionados com o autismo podem influenciar a atividade de genes associados a este distúrbio através de um complexo efeito cascata.

O estudo explora o papel dos promotores, os responsáveis por ligar e desligar genes. Estes promotores são cruciais, pois, devido à estrutura tridimensional do ADN, podem regular genes localizados longe na sequência do ADN. Quando o ADN está enrolado, estes genes distantes aproximam-se dos promotores, formando uma ‘unidade’ reguladora conhecida como domínio topologicamente associado (TAD).

Este mecanismo implica que indivíduos sem mutações diretas em genes ligados ao autismo ainda possam desenvolver a doença devido a mutações em promotores em outras partes do genoma. O autismo é altamente hereditário, com estimativas a sugeriro que 40% a 80% dos casos têm ligações genéticas. No entanto, mutações espontâneas no ADN também contribuem para o autismo.

Descobertas recentes destacaram a importância de mutações em regiões ‘não codificantes’ do ADN, que compõem cerca de 98,5% do genoma. Estas regiões, incluindo promotores, não contêm instruções para a construção de proteínas como os genes, mas são cruciais na regulação da expressão genética, explica o Live Science.

O estudo analisou os genomas de mais de 5000 pessoas com autismo, comparando-os com irmãos sem a condição. O foco estava em mutações não hereditárias. Utilizando técnicas especializadas, os autores mapearam a configuração tridimensional do genoma e definiram os limites dos TAD em torno dos genes ligados ao autismo.

Os resultados revelaram uma ligação direta entre o autismo e mecanismos regulatórios de genes relacionados com os TAD, especificamente TADs que contêm genes ligados ao autismo.

Às vezes, uma única mudança na base do código do ADN numa região não codificante estava associada a uma maior probabilidade de autismo. Tal mudança pode afetar a expressão de genes próximos, alterando o perfil de expressão genética em todo o genoma e aumentando o risco de autismo.

Os autores pretendem agora identificar outros tipos de mutações não codificantes que possam afetar a probabilidade de alguém ter autismo.

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