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Em nome do ambiente, cientistas editam o genoma da cana-de-açúcar pela primeira vez

Cientistas editaram o genoma da cana-de-açúcar pela primeira vez. Os investigadores procuram criar colheitas ecologicamente mais sustentáveis desta planta.

A cana-de-açúcar oferece muito mais do que o açúcar que tanto adoramos. O óleo da planta também é usado para fazer bioetanol para biocombustíveis e plástico. As maravilhas desta planta trazem consigo um lado negro: a cana-de-açúcar tem um impacto ambiental gigante.

Agora, investigadores editaram o genoma da cana-de-açúcar, pela primeira vez, graças à tecnologia CRISPR. A colheita com edição genética oferece uma nova oportunidade para desenvolver rapidamente variedades de cana-de-açúcar mais ecológicas, escreve o portal Free Think.

A crescente necessidade de açúcar tem alimentado a desflorestação. Além disso, as suas colheitas requerem muita água. Segundo a WWF, para conseguir uma colher de café de açúcar são necessários 34 litros de água.

Por este prisma rapidamente conseguimos perceber o problema das canas-de-açúcar para o ambiente. Por isso mesmo é que os investigadores decidiram fazer algo para tentar evitá-lo. Contudo, o genoma complicado torna o processo mais desafiante e demorado.

Com a tecnologia CRISPR, os investigadores conseguem editar com precisão genes específicos que desejam alterar, removê-los e adicionar genes mais desejáveis.

“Na realidade, é muito interessante como as nossas técnicas atuais, mesmo apenas há cinco anos, eram muito desafiantes e caras. Hoje em dia, somos capazes de fazer muitas coisas por causa da edição de genes que nem teríamos considerado antes”, disse Ayman Eid, investigador do Centro de Bioenergia Avançada e Inovação em Bioprodutos (CABBI), em comunicado.

“Sinto-me muito privilegiado e espero o dia em que possamos tornar produtos agrícolas editados por genes disponíveis para todos”, acrescentou.

O genoma da cana-de-açúcar é difícil de editar porque tem muitas cópias redundantes de genes e muitos cromossomas. Ainda assim, os cientistas conseguiram superar este desafio.

Desta forma, colheitas que requerem menos água, crescem mais rápido ou produzem mais biomassa estão um passo mais perto. É nisto que a equipa de investigadores está agora a trabalhar.

“Agora temos ferramentas muito eficazes para transformar a cana-de-açúcar numa cultura com maior produtividade ou maior sustentabilidade”, disse o autor principal do estudo, Fredy Altpeter. “É importante, pois a cana-de-açúcar é a cultura ideal para alimentar a bioeconomia emergente”.

Os resultados do estudo foram recentemente publicados na revista científica Frontiers in Genome Editing.

Daniel Costa, ZAP //

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