Novos estudos sugerem que a edição genética de embriões humanos pode causar mudanças indesejadas no ADN. Os artigos científicos ainda não foram revistos por pares.
Ainda recentemente, uma equipa de investigadores editou geneticamente embriões humanos e observou mudanças indesejadas que poderiam levar os bebés a ter deficiências ou problemas de saúde. Agora, três novos estudos, que ainda não foram revistos por pares, contribuem para a ideia de que a edição de embriões humanos pode causar estragos no ADN.
Uma das principais preocupações do uso do CRISPR para alterar ADN defeituoso sempre foi a possibilidade de ter efeitos colaterais não desejados.
“Neste momento, isto nem é um sinal de stop, é um sinal de risco biológico do tamanho de um campo de futebol na edição de embriões”, diz Fyodor Urnov, especialista em edição genética que não participou em nenhum dos estudos.
De acordo com o OneZero, em todos os três estudos o objetivo foi editar um único gene no embrião humano. No entanto, em todos eles os cientistas acabaram por verificar mudanças indesejadas no genoma que poderiam levar a problemas de saúde no futuro.
No estudo mais recente, publicado este domingo na plataforma bioRxiv, os investigadores notaram que o uso do CRISPR causou grandes mudanças no ADN próximo ao gene. Por sua vez, noutro dos estudos, publicado em junho na bioRxiv, os cientistas repararam que cerca de metade dos 23 embriões usados sofreram grandes perdas de ADN no cromossoma que continha o gene alterado. Por fim, o terceiro estudo publicado na plataforma bioRxiv, os investigadores descobriram que a edição alterou grandes segmentos do cromossoma onde o gene está situado.
Os resultados destes estudos, caso sejam aprovados pelos pares, podem ser fulcrais para o debate relativamente à edição genética de embriões humanos para prevenir doenças. De momento, um comité da Organização Mundial de Saúde (OMS) está a considerar como regular a edição do genoma de embriões, esperma e óvulos em todo o mundo.
“Os nossos resultados servem como uma nota de aviso para o uso de quebras de fita dupla induzidas na edição do genoma de embriões humanos para uso clínico”, escrevem os autores do segundo artigo científico.