Primeiro eclipse solar artificial: para além de incrível, é bastante útil

ESA/Proba-3/ASPIICS/WOW algorithm

Em vez de analisar o Sol com um coronógrafo, é agora possível olhar para o Sol diretamente sem ter de esperar por um eclipse natural — que agora pode durar 6 horas.

Uma das formas que os cientistas utilizam para estudar o vento solar — partículas carregadas que emanam da superfície do Sol — é através da observação da sua atmosfera exterior, conhecida como coroa solar.

O problema é que o intenso brilho emitido pelo Sol impede o estudo da nossa estrela, exceto quando usamos um coronógrafo.

Como esse obstáculo torna a investigação muito condicionada, a Agência Espacial Europeia (ESA) decidiu criar os seus próprios eclipses solares.

Em março, os satélites em órbita terrestre da missão Proba-3 voaram em “formação perfeita”, separados por 150 metros, durante várias horas, com um a ocultar a superfície do Sol do ponto de vista do outro — um feito inédito.

Os satélites alinharam-se e mantiveram as suas posições relativas, com uma precisão de até um milímetro, de forma autónoma.

“Quase não acreditávamos no que estávamos a ver”, disse Andrei Zhukov, investigador principal do instrumento ótico do Coronagraph, do Observatório Real da Bélgica, citado pela Smithsonian Magazine. “Foi a primeira tentativa, e funcionou. Foi absolutamente incrível”.

“As nossas imagens de ‘eclipse artificial’ são comparáveis às obtidas durante um eclipse natural. A diferença é que conseguimos criar o nosso eclipse em cada órbita de 19,6 horas, enquanto os eclipses totais naturais ocorrem apenas uma ou, muito raramente, duas vezes por ano,” explica o investigador.

“Para além disso, os eclipses naturais duram apenas alguns minutos, enquanto o Proba-3 pode manter o seu eclipse artificial durante até seis horas“.

“A primeira vez que vi estas imagens, foi difícil acreditar”, disse Damien Galano, engenheiro de sistemas da ESA. “Mas rapidamente foi também uma sensação muito, muito forte de realização e orgulho por tudo o que conseguimos ao longo dos anos”.

ZAP //

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